A "privada inteligente" e como Bill Gates impulsionou o debate sobre saneamento no Brasil



A "privada inteligente" e como Bill Gates impulsionou o debate sobre saneamento no Brasil
Bill Gates durante o evento de lançamento da privada inteligente. (Foto: Thomas Peter/Reuters - Estadão/Reprodução)

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Filantrópico financia pesquisas sobre o tema e desenvolve produtos para combater o problema



Uma pesquisa financiada por Bill Gates e publicada na Revista Brasileira de Epidemiologia em 2017 mostra que uma das causas de morte mais comuns de crianças de até 5 anos no País é a diarreia. Segundo o estudo, realizado por pesquisadores brasileiros com o apoio da Fundação Bill e Melinda Gates, só em 2015 o problema vitimou cerca de 2 mil crianças na primeira infância.



O principal motivo para a alta incidência no Brasil é a falta de saneamento básico em favelas e regiões mais pobres. A diarreia é causada pela bactéria Shigella, transmitida pelo contato com água suja ou alimentos e fezes contaminadas.



Para efeito de comparação, o número de mortes por diarreia é oito vezes mais frequente que a síndrome de morte súbita, quatro vezes maior que por afogamento e o dobro das fatalidades no trânsito ou por aspiração de objetos.



Além das mortes, o estudo alerta que a diarreia na primeira infância pode causar sequelas na criança. Segundo os pesquisadores, como os primeiros anos de vida são muito importantes para o desenvolvimento do cérebro, a doença pode causar perda de pontos no QI ou de anos de escolaridade em função das diarreias nos primeiros anos de vida.



O assunto voltou ao centro do debate público com a votação do novo marco legal do saneamento básico (Projeto de Lei 4. 162/2019) pelo Senado Federal no dia 24 de junho. A proposta altera as regras para prestação de serviços de saneamento e permite que empresas privadas atuem no setor de fornecimento de água potável e coleta e tratamento de esgoto.



O novo marco legal do saneamento básico do País prevê que serão investidos de R$ 500 bilhões a R$ 700 bilhões no setor. Um cálculo da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que cada real investido no saneamento contribui para a economia de quatro reais na Saúde.



Se a proposta for aprovada, a estimativa dos idealizadores do projeto é que a universalização do acesso à água potável e à rede de esgoto aconteça em 2033 no Brasil.



Segundo os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), 34 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada e 100 milhões não têm seu esgoto coletado. Vale lembrar que os adultos também podem contrair a doença. Como mostra os dados da SNIS, quase metade dos brasileiros estão expostos a doença.




A privada inteligente e outras iniciativas de Bill Gates



Bill Gates toma água tratada em estação capaz de transformar, em poucos minutos, esgoto em água limpa (Imagem: Reprodução/UOL)



Além do financiamento da pesquisa sobre saneamento básico no Brasil, a Fundação Bill e Melinda Gates tem outras iniciativas de investimento para combater este problema em escala global.



Em documentário recente intitulado de “O Código Bill Gates”, o filantrópico reporta seus esforços em dedicar recursos da Fundação em desenvolver alternativas para países, como o Brasil, onde a morte por contaminação de doenças provenientes de falta de saneamento básico são altas.



Uma dessas soluções é uma privada inteligente, que foi anunciada em 2018. Durante o evento de lançamento, a Fundação apresentou 20 modelos que não precisam de água ou esgoto, pois usam a química para transformar dejetos humanos em fertilizante. A fundação estima que já gastou mais de US$ 200 milhões em pesquisas nessa área nos últimos sete anos.



Durante seu discurso no evento, ele mostrou uma jarra com dejetos humanos e disse que naquele recipiente havia cerca de 200 trilhões de vírus, 20 bilhões de bactérias e 100 mil ovos de parasitas.



“Em lugares sem saneamento básico, há muito mais que isso no ambiente, o que causa doenças como diarreia, cólera ou febre tifóide, que matam cerca de 500 mil crianças de até 5 anos todos os anos”, afirmou Gates.



Bill Gates comparou a mudança das privadas tradicionais para os modelos sem água ao desenvolvimento da computação, na época em que fundou a Microsoft, em meados da década de 1970. “Do mesmo modo que um computador pessoal é independente, não uma coisa gigantesca, podemos fazer esse processamento químico no nível do lar”, afirmou.



Gates ainda disse que o próximo passo para o projeto é lançar o conceito para os fabricantes. Ele estima que, até 2030, o mercado de privadas seja de mais de US$ 6 bilhões.



Confira o vídeo com a apresentação de Bill Gates:




Bill Gates também tem um plano para levar a cura do coronavírus ao mundo todo


Bill Gates também encontrou uma maneira de garantir que as regiões mais pobres não sejam deixadas para trás na corrida por vacinas contra a covid-19: investir em fábricas em todo o mundo para produzir bilhões de doses.



Gates está se concentrando nos candidatos para desenvolver uma vacina promissora, comprometendo fundos para ajudar a garantir que a capacidade de produção esteja pronta antes mesmo de qualquer um ter provado funcionar. A Fundação Bill e Melinda Gates também está ajudando a comprar doses em potencial para países de baixa renda com US$ 100 milhões por um esforço liderado pela organização sem fins lucrativos Gavi, The Vaccine Alliance.



“Existe um plano para ter várias fábricas na Ásia, várias fábricas nas Américas, várias fábricas na Europa, e se pudermos fazer de 1 a 2 bilhões de doses por ano, o problema de alocação não será super agudo”, disse Gates em uma conferência com jornalistas. “Se você é capaz de fazer, digamos, 100 milhões de doses por ano, então você tem um problema quase impossível”.



Fontes:

- Estadão

- bluevision

- Estadão


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