(Foto: Aiza Engenharia/Reprodução)
Em termos simples, a Internet das Coisas (IoT) envolve diversos aparelhos conectados que interagem
uns com os outros para monitorar, relatar e alternar as coisas com diferentes
graus de inteligência. O objetivo é tornar nossas vidas mais simples e mais
eficientes.
A Internet das coisas (IoT) está transformando todas as facetas dos edifícios — como os
habitamos, como os gerenciamos e até mesmo como os construímos. Existe um vasto
ecossistema em torno dos edifícios de hoje, e nenhuma parte do ecossistema
ficará de fora desta integralização.
Quais
são as oportunidades oferecidas à construção pela Internet das Coisas?
O grande número de componentes utilizados na construção e
operação de edifícios significa que o potencial para a aplicação da Internet das
Coisas é muito significativo. Com a informação certa, conhecimento e
habilidades, pode-se adotar estratégias que tradicionalmente eram vistas como “ficção científica”.
As novas tecnologias estão acelerando e melhorando o
intercâmbio de dados. Já a digitalização e a computação em nuvem trazem mais precisão e eficiência aos
processos.
Portanto, o impacto das tecnologias IoT em outras áreas de
nossas vidas também afeta os tipos de
edifícios que designamos para atender às necessidades da sociedade.
Já podemos perceber as vantagens em edifícios completos e durante
a fase de construção. Alguns exemplos:
1.
Wearables para EPIs
Esta tecnologia inclui recursos como tecidos que mantêm os trabalhadores em temperatura mais
baixa durante os meses mais quentes. Isso acontece por meio de sensores
para fornecer monitoramento constante do corpo e do meio ambiente, bem como
visores de realidade aumentada, para manter usuários atualizados sobre mudanças
repentinas no ambiente envolvente, enviando
sinais de alerta quando há algum perigo.
Os limites podem ser monitorados, para evitar a fadiga dos
trabalhadores e possíveis acidentes. A computação portátil na forma de
pulseiras também pode monitorar a saúde
e o estado de alerta do funcionário. Assim, podem ser tomadas medidas se os
limites correm o risco de serem excedidos.
2.
Beacons de localização
Durante um projeto de construção, ocorrências, tais como
fundos mal direcionados, entregas atrasadas ou incorretas e equipamentos de
construção mal colocados são comuns. Muitos desses problemas podem ser rastreados, garantindo que
sejam informados aos responsáveis e solucionados.
O desenvolvimento da tecnologia da construção está ajudando
a combater essas questões, permitindo
interações aceleradas e mais suaves entre clientes, desenvolvedores e
trabalhadores.
Por exemplo, as etiquetas RFID podem ser usadas para rotular e rastrear equipamentos de
construção. As tags podem ser usadas remotamente para monitorar os números
de qualquer máquina, reduzindo os custos associados ao deslocamento.
3.
Monitoramento preciso de máquinas
As ferramentas e as máquinas terão sensores capazes de
identificar quando precisam ser
reparadas. Por conta disso, terão como informar aos usuários essa situação
e, também, agendarão seus próprios compromissos de reparação antes de uma falha mecânica.
Por meio da Internet das Coisas, os equipamentos podem enviar
informações sobre a quantidade de
energia elétrica que eles usam, de modo que a iluminação após o horário de
trabalho possa ser ajustada para garantir a economia de energia.
As máquinas podem enviar informações sobre o tempo de
inatividade, para que os períodos de desligamento possam ser ajustados sem penalizar os projetos
durante o tempo necessário para reiniciar as máquinas.
4.
Smart Grid da planta industrial
Essa tecnologia usa sensores sem fio embutidos em pilhas de
cimento de concreto para garantir a
qualidade e integridade de uma estrutura. Esses sensores podem fornecer
monitoramento de carga e eventos para a construção do projeto durante e após a
conclusão.
Os modelos de computador que foram utilizados para
direcionar a construção da vida real podem, por sua vez, ser atualizados por
sensores colocados nos edifícios que foram construídos. Os sensores podem
enviar informações sobre a forma como os
materiais são afetados pela mudança climática e pela passagem do tempo.
Eles também podem fornecer informações sobre possíveis
mudanças na eficiência energética na
cobertura, como as estruturas se comportam quando há tremores de terra ou
como uma ponte se dobra sob o peso do tráfego de passagem.
5. Impressoras
3D
Thiago Galassi, coordenador do Bricolab da Leroy Merlin: sete impressoras 3D à disposição do público | Germano Lüders. (Foto: Exame/Reprodução)
Desde quando surgiu uma das primeiras patentes de
impressoras 3D, ainda na década de 80, o
método melhorou muito. A máquina era cara, lenta (demorava mais de um dia
para imprimir um objeto de 10 centímetros, o que hoje pode ser feito em menos
de uma hora) e estava limitada ao polímero.
Foi por meio do investimento
de universidades e de grandes empresas, como HP e GE, que o processo se
tornou mais rápido e barato — além de ganhar “cargas” que vão de insumos
industriais a órgãos humanos.
A versatilidade desse dispositivo é tão atraente que os interessados pela tecnologia crescem.
De acordo com um estudo da consultoria Wohler Associates, o número de
fabricantes dessas máquinas aumentou de 97, em 2016, para 135, em 2017.
Entre os entusiastas está a Nasa, que pagou 125 000 dólares
para uma empresa texana desenvolver um aparato de impressão de comida para os astronautas — o que revolucionaria a
alimentação no espaço.
Mas engana-se quem pensa que o maquinário fica restrito às
empresas e às universidades. “Assim como hoje, quando você precisa imprimir seu
TCC vai até uma gráfica, haverá locais
para imprimir projetos, protótipos e peças em 3D”, afirma Claudio Raupp,
presidente da HP.
E esses lugares já estão começando a surgir. Um deles é o Bricolab, oficina de bricolagem da
companhia de materiais de construção Leroy Merlin.
Construído em uma das lojas de São Paulo da multinacional
francesa, o ambiente tem sete
impressoras desse tipo à disposição dos frequentadores (clientes ou não da
loja) que, para usá-las, pagam 50 reais pela primeira hora e 25 reais por hora
adicional.
6.
Betoneira conectada
Internet das construções: Sensores em caminhões que carregam concreto ajudaram Engemix a otimizar operações e economizar dinheiro. (Foto: Exame/Reprodução)
Se alguém um dia duvidou que a internet dominaria o mundo,
os últimos dois anos, pelo menos, mostraram que quase não há mais motivos para
acreditar no contrário. De cafeteiras e torradeiras a lâmpadas, fechaduras e
carros, produtos dos mais diversos já podem ser conectados à web para
diferentes funções. Mas se ainda restavam algumas incertezas quanto à ascensão
desse conceito de internet das coisas, um conceito mais novo veio para ajudar a
enterrá-las: o caminhão betoneira
conectado.
A ideia foi desenvolvida pela brasileira TIVIT, uma
fornecedora de soluções digitais, e é usada pela Engemix, braço especializado
em concreto da Votorantim. A solução não é simplesmente um caminhão conectado à
internet, mas sim uma betoneira incrementada com sensores, usados para monitorar atividades e enviar dados para análise das
empresas.
O projeto surgiu da necessidade que a Engemix tem de manter um
fluxo contínuo de concreto chegando nas construções de seus clientes.
Em uma obra grande, como a de um prédio, são necessárias algumas dezenas de
caminhões, que não podem parar de chegar, ou a estrutura corre o risco de ser
comprometida. Os veículos ainda têm menos de 3 horas para ir até o terreno,
descarregar o material e voltar para recarregar.
É um desafio logístico, que criava um verdadeiro caos
operacional. A fornecedora precisava dar estimativas
de horários de chegada das betoneiras, para que os clientes ficassem
preparados para recebê-los e fazer a concretagem (o processo de aplicação e
finalização do material na construção). Mas atrasos (ou até adiantamentos)
podiam acontecer, o que afetava toda a cadeia de processos, gerava reclamações
e resultava em dinheiro e tempo perdidos.
A forma de minimizar o risco de problemas foi equipar os
veículos com um conjunto de quatro
sensores. Os equipamentos monitoravam a posição dos caminhões nos mapas e
até mesmo o lado para o qual as betoneiras deles giravam. Se elas começavam a
se mover para a direita, era sinal de
que o concreto estava sendo descarregado.
Três caminhões foram usados na fase inicial de
implementação da solução. Os dados enviados por eles pelas redes 2G ou 3G deram
à Engemix uma noção melhor de como as operações fluíam. As informações também
ajudaram a empresa a dar estimativas mais precisas de horário de chegada das
betoneiras, otimizando todos os processos. A redução de perdas, com isso, foi
de mais de 30% nos primeiros meses,
segundo a TIVIT.
O resultado fez com que a aplicação dos sensores fosse
ampliada, chegando a quase 100% da frota. Os clientes, por exemplo, passaram a
também ter acesso às informações de
localização, diminuindo o número de chamadas recebidas pelo call-center. “E
na terceira fase, a Engemix vai analisar como os hábitos de direção dos
caminhoneiros afetam os gastos de manutenção e com combustível nos veículos”,
explicou a EXAME Norberto Tomasini, diretor de negócios digitais da TIVIT.
Desenvolvido especificamente para a indústria do concreto,
o software contribui para que as 22 mil entregas mensais da empresa sejam
feitas com mais de 80% de pontualidade (mesmo
patamar das melhores concreteiras dos Estados Unidos). Pelos sensores no
interior dos balões, permite saber se os caminhões estão aguardando ou
descarregando, e o gerenciamento dos resultados apresentados pela inteligência,
com indicadores precisos e simples.
Fontes:
- Internet
das Coisas na construção: 4 exemplos incríveis!, da Mega
Sistemas Corporativos.
- As
impressoras 3D vão mudar o mundo e esses setores já estão se adaptando, da
Exame
- Betoneira
conectada é prova de que a internet das coisas veio para ficar, da Exame