Conheça as incríveis construções de 6 faróis brasileiros



Conheça as incríveis construções de 6 faróis brasileiros
(Foto: Memórias Vivas/Reprodução)

Os faróis são os guardiões da costa brasileira. Sempre situados em locais estratégicos, sinalizam aos navegantes, sejam amadores ou profissionais, pequenos veleiros ou grandes navios mercantes, os perigos próximos e ajudam a confirmar a navegação que todos fazem com cautela.

 

A Marinha do Brasil instala, cuida e opera os faróis, que estão espalhados pelo nosso litoral e ilhas. Cada farol tem sua identidade: eles piscam de forma diferente, como uma impressão digital. Piscam branco, vermelho, verde, em um ou mais lampejos, com intervalos de tempo diferentes. Ao avistá-lo, o navegante pode rapidamente confirmar que aquele “é o seu farol”!

 

Conheça as construções incríveis de alguns faróis brasileiros:


  

1.    Farol da Pedra Seca

 


(Foto: Picgra/Reprodução)
 

Encomendado pelo Engenheiro e fidalgo Zósimo Barroso, em 1869 e inaugurado em setembro de 1873, o farol da Pedra Seca foi o primeiro a ser erguido na Paraíba. Ele fazia parte de um conjunto de nove torres de ferro forjado (batido) com 14,5 metros de altura e um aparelho lenticular fixo, o que havia de melhor em sinalização náutica, segundo o sargento de fragata Adricélio André dos Santos, militar da Capitania dos Portos da Paraíba especializado em faróis.

 

O farol foi inaugurado em 7 de setembro de 1873. A obra ficou a cargo do Engenheiro Julio Teixeira de Macedo. Seu aparelho ótico de 4ª ordem, de eclipse, tinha 10 milhas de alcance. Em 1910 um novo aparelho BBT foi encomendado.

 

Segundo relatos de antigos pescadores, na década de 20 do século passado o mar engoliu a península onde existia a casa do faroleiro e alguns coqueirais. Hoje, o farol está a duas milhas da costa.

 

Em 1922 o primeiro farol da Paraíba foi automatizado com equipamentos AGA a gás acetileno.

 

Atualmente, o farol está equipado com uma lanterna de acrílico alimentada por módulos solares e baterias, tecnologia amplamente utilizada em faróis, faroletes e boias em todo o mundo.

 

Embora o sargento seja especialista na área, toda a responsabilidade do farol é da Capitania dos Portos da Paraíba, por meio capitão dos portos, comandante Valdinei Ciola.

 

Conforme o sargento Adricélio, o farol, que indica a barra do Rio Paraíba, foi erguido em uma laje de pedras que aflora na maré baixa, conhecida como Pedra Seca, situada a cerca de uma milha da costa, precisamente na praia denominada Miramar, limite com a praia Formosa.

 

“A história conta que o farol foi construído em terra firme e hoje encontra-se a 400 metros da beira mar. Para sua montagem, construiu-se uma rígida base de alvenaria, com a finalidade de receber as placas metálicas que formariam a estrutura da torre octogonal. Ele sinaliza a entrada no porto, já que toda a orla de Cabedelo é coberta por uma barreira de corais”, explicou.

 

O militar especialista em faróis acrescentou que o farol da Pedra Seca tem um alcance luminoso que pode chegar a 16 milhas náuticas, cerca de 29,632 quilômetros (km), já que cada milha corresponde a 1,852 km. “Até hoje, ele desempenha uma função importantíssima para a cidade, que tem o canal de acesso para o Porto de Cabedelo marcado por esse monumento. Durante a noite dá para ver o brilho que guia os marinheiros e pescadores”, frisou.

  


Capitania dos Portos

 


(Foto: Youtube/Reprodução)
 

Toda responsabilidade acerca do farol da Pedra Seca é da Capitania dos Portos da Paraíba. Segundo o capitão dos portos, comandante Valdinei Ciola, atualmente o farol tem funcionamento automático, mas manutenção é feita pelo faroleiro, que por meio do Plano de Trabalho de Sinalização Náutica, realiza os reparos necessários no farol, oportunamente.

 

O comandante explica que o farol é mantido por duas baterias estacionárias de 12 volts (V) 115 amperes (A), ligadas a um painel solar que durante o dia carrega as mesmas e a noite alimenta as lâmpadas localizadas no centro da lanterna. “Em 1922, o queimador original foi substituído por um eclipsor AGA automático acetileno. Com isso, a vigília dos faroleiros pôde ser substituída por confortáveis visitas bimestrais. Mas com o emprego de elementos fotovoltaicos, o farol está totalmente automatizado”, afirmou.


  

2.    Farol da Barra


 

(Foto: Dicas do Nosso Brasil/Reprodução)

 

Em 1501, durante a primeira expedição exploradora à América Lusitana, os portugueses aportaram na Barra, negociaram com os índios e instalaram seu padrão de posse no local. Era dia de Todos os Santos e batizaram, com esse nome, a grande baía.

 

Esse local, que marca a entrada da Baía de Todos os Santos, ficou conhecido como a Ponta do Padrão e, depois, Ponta de Santo Antônio. Nele, foi construído o Forte de Santo Antônio da Barra (século 16) e, em seu interior, um farol (século 17).

 

O Forte de Santo Antônio da Barra foi o primeiro do Brasil e teve sua primeira edificação por volta de 1536, realizada pelo donatário da Capitania da Bahia, Francisco Pereira Coutinho. Entre 1583 e 1587, foi reformado e ampliado.

 

Entre 1596 e 1602, o forte foi reconstruído, em pedra e cal, como uma torre octogonal. Esse projeto é atribuído ao Engenheiro-Mor de Portugal, Leonardo Torriani.

  


Salvador


 

(Foto: Metro1/Reprodução)
 

Durante a Invasão Holandesa (1624-1625), o forte teve papel estratégico. Foi ocupado pelos holandeses e recuperado no ano seguinte. A iconografia holandesa dessa época representa o Forte como uma torre redonda.

 

Após o naufrágio do Galeão Sacramento, em 1668, decidiu-se construir um farol no interior do Forte, que foi reedificado entre 1694 e 1702. O Forte estava construído em um promontório e provavelmente, nessa época, ganhou seu terrapleno.

 

O farol foi instalado em 1698. Era uma torre quadrangular com uma lanterna de bronze envidraçada, no topo, alimentada por óleo de baleia. Foi o primeiro farol da América.

 

Em 1839, foi inaugurado um novo farol, que substituiu o anterior instalado em 1698. Esse novo farol foi fabricado na Inglaterra e tinha alcance de 18 milhas.

 

Outro farol foi instalado em 1890 e, em 1937, foi eletrificado.

 

Após a Independência foi colocado o Brasão do Império acima da entrada principal do Forte. Em 1938, o foi tombado pelo Iphan.

 

O conjunto do Forte e seu Farol transformou-se em um dos mais conhecidos cartões postais do Brasil. É administrado pela Marinha, abriga também o Museu Náutico da Bahia, um bar e biblioteca.

  


O Santo do Forte

 

O Forte da Barra recebeu o nome do primeiro padroeiro da Cidade do Salvador: Santo Antônio.

 

Curiosamente, em meados do século 17, a imagem do Santo Antônio do Forte da Barra recebeu a patente militar, no grau de soldado e elevado a capitão em 1705. O Santo do Forte também recebia os soldos correspondentes à sua patente, que somente foi cassada em 1912, quando já era tenente-coronel.

 

A tradicional Trezena de Santo Antônio, de 01 a 13 de junho, continua sendo festejada, no Forte, até hoje.


  

 

3.    Farol Galinhos

 


(Foto: Memórias Vivas/Reprodução)
 

O Farol Galinhos, construído em 1931, representa o oitavo farol erigido no Rio Grande do Norte. Ele se encontra no povoado de Galinhos, no pontal leste do Rio Água Maré, desaguadouro comum a cinco rios, e cuja barra está sempre obstruída por bancos de areia, que formam canais estreitos e mutáveis.

 

Apresentando bem pouca visibilidade aos navegantes da região, a primeira torre do Farol Galinhos – feita de treliça de ferro – não agradou à população. Era considerada “esquelética” por demais.

 

Depois de treze anos de sua construção, com a estrutura metálica em avançado estado de corrosão (devido à maresia), bem como as sapatas de sustentação ameaçadas pelo constante avanço do mar, a torre do Farol Galinhos foi substituída por uma outra em concreto armado.

 


(Foto: Pinterest/Reprodução)
 

Um problema ocorreu, porém, junto à sua luminosidade: esta ficou, em parte, obstruída pela balaustrada da varanda do farol. Os Engenheiros sanaram o ocorrido, decidindo aumentar a altura da lanterna existente: erigiram, sobre a varanda, uma torreta cilíndrica de alvenaria. O Farol Galinhos adquiriu, então, uma aparência bastante distinta.



  

4.    Farol da Ponta Verde

 


(Foto: Maceió Alagoas/Reprodução)
 

O economista e historiador Cícero Péricles, ao divulgar uma foto do farol da Ponta Verde, informou que ele foi inaugurado em 1922. “Em 1949 teve sua torre cilíndrica, obra de alvenaria com 11 metros de altura, instalada sobre ‘pilares troncos piramidais de concreto armado, aproveitando parte da estrutura construída pelo Conselho Nacional de Petróleo (CNP), que ali realizou perfurações em 1940″.

 

Continuou o professor Péricles: “O Farol é colorido com faixas horizontais vermelhas e brancas. Até 1986, quando foi eletrificado, usou o sistema de gás acetileno. O equipamento luminoso consiste numa lanterna de Sinalização Náutica e um eclipsor-trocador que transmitem um lampejo branco, com um alcance de 13 milhas náuticas (o equivalente a 24 km) e uma intensidade de 3.689 candelas (a vela comum possui aproximadamente uma candela), alimentados por duas baterias estacionárias de 12 volts”.

 

Ao final do texto, Péricles defende que o farol tem valor histórico e afetivo e que “era para estar na lista das 60 unidades de preservação cultural de Maceió, citada no Plano Diretor”.

 

Quem coordenou a montagem do farol foi Leoncio Pires e a ideia de construí-lo já existia há algum tempo, como infa o Diário de Pernambuco de 13 de janeiro de 1922 ao reconhecer o esforço do comandante do Porto, Anníbal Gama.

 

O farol voltou a ser citado nos jornais em agosto de 1922, quando o Capitão do Porto de Alagoas fez circular um telegrama para os seus colegas de outros Estados com o seguinte teor: “Poste luz Ponta Verde teve mudado característica, ficando com três segundos de luz e vinte e sete de ocultação”.

 

O Relatório do Ministério da Marinha sobre o ano de 1925 revelou que o farolete da Ponta Verde usava o sistema AGA alimentado por acetileno, consumindo 19.100 litros deste produto a um custo de 231$110. No mesmo relatório há menção da “instalação de lanterna no poste de Ponta Verde”.

 

Nova referência ao equipamento foi publicada no jornal A Batalha, do Rio de Janeiro. No dia 2 de agosto de 1930, a coluna da Marinha Mercante divulgou a seguinte nota da Diretoria de Navegação, Divisão de Pharóes: “Avisa-se aos navegantes que se acha apagada a luz do poste automático de Ponta Verde, a E. [leste] do porto de Maceió, Estado de Alagoas”.

 


(Foto: Repórter Maceió/Reprodução)
 

Em 1949, durante o governo de Silvestre Péricles de Góis Monteiro, um novo farol foi construído na Ponta Verde utilizando as estruturas que serviram de base para as perfurações em busca de petróleo na capital.

 

Uma nota do Ministério da Marinha publicada no jornal A Manhã de 14 de maio de 1949 informou sobre a inauguração do novo farol da Ponta Verde. “Realiza-se hoje, no Estado de Alagoas, com a presença do governador e demais autoridades, a inauguração do farol da Ponta Verde, cujas obras foram concluídas recentemente. O mencionado farol tem 13 metros e 50 centímetros de foco”.

 

Em várias outras publicações são encontradas menções sobre os recifes de Ponta Verde como responsáveis por encalhes e afundamentos de embarcações, revelando a importância do farol ali localizado.


  

5.    Farol de Itapuã

 


(Fotos: iBahia/Reprodução)
 

Na madrugada de 26 de março de 1873, o paquete francês Gambie, com destino a Bordeaux, encalhou no lugar chamado de Pau do Pinho, quatro léguas ao norte de Itapuã, conforme noticiado pelo Correio da Bahia. O navio a vapor foi perdido, mas todos a bordo foram salvos.

 

Esse sinistro marítimo demonstra como era perigosa a navegação na região e, no ano anterior, já estava decidida a construção do Farol de Itapuã.

 

Os problemas de iluminação da costa do Brasil já eram bem conhecidos. Em 1868, o Engenheiro Militar cearense Zozimo Braulio Barroso publicou, em Londres, sua obra Pharoes: Estudos sobre a illuminação da costa do Brazil.

 

Zozimo Barroso trabalhou na P & W MacLellan, uma empresa escocesa, com sede em Glasgow, que começou a fabricar faróis por volta de 1867. Em 1870, Zozimo, então na P&W MacLellan, elaborou plantas para a instalação de faróis no Brasil, solicitadas pelo Barão de Cotegipe, então Ministro da Marinha.

 

Em 31 de dezembro de 1872, autorizado pelo Ministério dos Negócios da Marinha, o Presidente da Bahia, em exercício, João José d'Almeida Couto, lavrou um contrato com o bacharel Alcino Baptista Monteiro para a instalação do Farol de Itapuã (Pharol de Itapoan, em grafia da época). Para fiscalizar a obra foi nomeado o Engenheiro Lourenço Eloy Pessoa de Barros, que trabalhava a serviço da Província.

 

Alcino Baptista Monteiro era sergipano, formou-se em Direito, em Recife, e veio residir na Bahia, onde foi chefe de polícia, advogado, deputado e grão-mestre da Maçonaria. Por contrato, a obra deveria ser concluída no prazo de seis meses.

 

O Farol de Itapuã era uma espécie de kit de montagem fabricado pela P & W MacLellan. Foi inspirado no projeto do Engenheiro estadunidense Alexander Gordon (1802-1868), educado na Escócia, feito originalmente para o farol de Morant Point, na Jamaica, erguido em 1842, com 30,5 metros de altura (o de Itapuã tem 21 m). Seu projeto foi publicado na The Civil Engineer and Architect's Journal, Volume IV, em 1841.

 

Os aparelhos lenticulares foram fornecidos pela antiga Chance Brothers, da Inglaterra.

 


(Foto: Urban Arts/Reprodução)
 

O jornal Correio da Bahia, de 25 de janeiro de 1873, noticiou que, a pedido do Dr. Monteiro, o vapor Moema foi autorizado, no dia 14, pelo Presidente da província a transportar os volumes do Farol.

 

O Farol de Itapuã foi inaugurado em 7 de setembro de 1873, com luz branca fixa, conforme a Fala do Presidente da Província, de março de 1874. No local, existia um cômodo para o quartel. Essa data de inauguração foi confirmada no Almanak Laemmert, de 1899, que indicou ser o Farol pintado de vermelho.

 

O Farol foi instalado na Pedra Piraboca, na Ponta de Itapuã, o quinto farol construído na Bahia. Tem 21 metros de altura e torre troncônica metálica sobre base de alvenaria.

 

Em sua Fala à Assembleia, o Presidente relatou a necessidade de uma ponte que ligasse o quartel ao Farol e que permitisse a passagem dos faroleiros, sem perigo, durante as marés cheias. Essa obra foi aprovada pelo Ministério e a ponte existe até hoje.

 

Em 1881, o Farol foi pintado e a casa do faroleiro foi concertada.

 

Na Fala do Presidente de outubro de 1887, o Farol de Itapuã foi descrito como possuindo um sistema dióptrico de 3ª ordem, luz branca e fixa, funcionando muito bem, sendo visível a 12 milhas.

 

Sua torre era pintada de roxo-terra e depois de branco e laranja. As cores vermelha e branca foram adotadas por volta de 1950, buscando melhor visibilidade à distância. Em 1923, o Farol recebeu um eclipsor a gás, para acender e apagar automaticamente. Em 1939, recebeu uma válvula solar. Atualmente é equipado com uma lanterna de policarbonato.

 

O alcance do Farol é atualmente de 14 milhas. Emite uma forte luz branca a cada seis segundos. O antigo gradil de ferro, que contornava a ponte e a base do farol, foi substituído por um muro de alvenaria que dá uma aparência uniforme à base e à ponte, a qual se liga à Vila Naval do Farol de Itapuã, propriedade da Marinha. Suas coordenadas geográficas são: 12 57,41S / 38 21,22W.

 

 

6.    Farol da Baía da Traição

 


(Foto: Novoeste/Reprodução)

A Baia da Traição tem sua costa protegida por uma linha de recifes ("as pedras") que lhe dá características originais de rara beleza. Em 1923, foi inaugurado o Farol da Baía da Traição – o segundo da Paraíba – nas proximidades da Feiticeira, num ilhéu pouco distante da orla da cidade, com o objetivo de defender as embarcações de possíveis acidentes, junto aos recifes existentes naquela praia.

 

O farol da Traição é uma linda armação de forma quadrangular de concreto armado, cor branca, com uma altitude de 12 metros e um alcance geográfico (luz) de 12 milhas, com lampejo branco de 06 segundos.

 

Já passou por várias modificações nos anos de 1927, 1947, 1970, 1972, e 1985. Atualmente, está instalado a poucos metros do local onde permaneceu desde a sua inauguração.


  

Fontes:

- Focando a Notícia

- Fundação Joaquim Nabuco

- História de Alagoas

- Capitania dos Portos de Alagoas

- Bahia Turismo – parte 1

- Bahia Turismo – parte 2

- Faróis Brasileiros

- Faróis marítimos do Brasil

- Correio 24 Horas

    


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