Conheça o Templo de Lótus, uma das maiores obras de Arquitetura do mundo



Conheça o Templo de Lótus, uma das maiores obras de Arquitetura do mundo
(Foto: Epoch Times/Reprodução)
 

O Templo de Lótus (“Lotus Temple”), em Nova Deli, na Índia, é um templo como nenhum outro no país – e não só por sua forma única.

 

Erguido para uma religião monoteísta chamada de Fé Bahá’í, que prega a união espiritual, o projeto é composto por 27 cascas finas em forma de pétalas (lajes de concreto revestidas em mármore), ordenadas em grupos de três para formar nove lados; as nove portas que se abrem para o interior da nave comporta 2.500 pessoas.

 

O edifício possui 70 metros de diâmetro e 34,27 metros de altura. As superfícies externas são totalmente revestidas por mármore branco importado da região de Penteli, na Grécia, isento de texturas e veios em placas meticulosamente selecionadas e aplicadas.


     
O Templo visto de cima. (Foto: Epoch Times/Reprodução)
 

O Lotus Temple é cercado por nove lâminas de água e os jardins do entorno possuem uma área de 105.000 metros quadrados.

 

Esse templo figura entre as construções mais visitadas do mundo e foi quase totalmente financiado por um único homem: Ardishír Rustampúr, um empresário indiano e devoto de Bahá’í, que doou as economias de toda sua vida para a construção do Lotus Temple.

 

A obra foi construída em concreto armado na forma de abóbadas e arcos. A estrutura se autossustenta sem vigas, pois descarrega o seu peso nos seus nove arcos.

 


(Foto: Larissa Carbone Arquitetura&Interiores/Reprodução)
 

O Templo é rodeado por nove piscinas, que compõem uma lagoa. A construção parece flutuar como uma flor de lótus real, que cresce em meio às águas. Uma das oito instalações de Casa da Culto Bahá'í no mundo, recebeu mais de 70 milhões de visitantes desde sua conclusão, tornando-se um dos locais arquitetônicos mais frequentados do mundo.

 

Do ponto de vista denominacional, está aberto a todos os praticantes, independentemente da afiliação religiosa e funciona mais como um local de convívio para os visitantes interessados. À primeira vista, há semelhanças notáveis entre o Templo Mãe do subcontinente indiano e a Ópera de Sydney de Jorn Utzon. A estrutura é, sem dúvidas, uma das instâncias mais visíveis de biomimética na Arquitetura Contemporânea.

 

As "folhas” são parte integrante da organização do espaço e são classificadas em três categorias: folhas de entrada, folhas externas e folhas internas. As folhas da entrada (nove no total), demarcam a entrada em cada um dos nove lados do complexo. As folhas exteriores servem de telhado aos espaços auxiliares, complementadas pelas folhas internas que formam o principal espaço de adoração. Estas folhas internas se aproximam, mas não se encontram na ponta do espaço de adoração e são cobertas com uma dramática claraboia de vidro e aço.

 



(Foto: Larissa Carbone Arquitetura&Interiores/Reprodução)
  

Por ser construído principalmente de concreto e revestido em mármore grego, o resultado é de um exterior branco prístino, enquanto que o interior da estrutura se revela como um verdadeiro estilo expressionista, com a cobertura com nervuras pré-fabricadas aparentes nos espaços de culto.

 

Projetado pelo premiado arquiteto Fariborz Sahba, o Templo foi inaugurado em janeiro de 1987 e recebeu diversos prêmios de projeto internacional, incluindo um prêmio em excelência da Instituição de Engenheiros Estruturais (1987), uma citação especial da Illuminating Engineering Society da América do Norte (1988), designação como uma das 100 obras canônicas pela Architectural Society of China (2000) e um prêmio de arquiteto da GlobArt Academy em Viena (2000).

  


Construção

 

Arquiteto canadense de origem iraniana, Fariborz Sahba gastou 10 anos entre o desenho e a execução do projeto, com a ajuda de uma equipe de cerca de 800 pessoas entre Engenheiros, Técnicos, Artesãos, Carpinteiros e trabalhadores que conseguiram realizar uma das mais difíceis e complicadas construções em todo o mundo.

 


(Imagem: Viagens Culturais/Reprodução)
 

Somente na conversão da forma da flor de lótus em um projeto e desenhos da planta arquitetônica, o Arquiteto e seu consultor Messrs gastaram cerca de 18 meses.

 

O desenho do projeto e a construção do templo na forma de uma flor de lótus foram um grande desafio, pois não existem linhas retas na sua forma. Durante a construção foi difícil o alinhamento das pétalas, como também produzir corretamente as complexas superfícies de dupla-curvas, bem como pelo espaço restrito onde deveriam ser encaixadas as pétalas para que o conjunto ficasse uniforme e reproduzisse a forma exata da flor de lótus.

 

Antes do assentamento definitivo das pétalas e do telhado, foi construída, em escala real uma estrutura provisória para checar a viabilidade dos métodos propostos de construção, a forma geométrica desenhada, a funcionalidade para fixação dos reforços necessários, o portal de entrada do templo, as folhas internas e os elementos que iriam compor o “domo” no interior do templo.

 


O Templo iluminado durante a noite (Foto: Vandelizer/CC BY 2.0/ Epoch Times/Reprodução)
 

Para que as pétalas ficassem perfeitas, o serviço de concretagem foi realizado ininterruptamente por aproximadamente 48 horas. O concreto era carregado por mulheres de pequena estatura em cestas sobre suas cabeças.

 

Todo o aço que servia para reforçar as conchas das pétalas de lótus era galvanizado para evitar o surgimento de ferrugem que pudesse vir a marcar a estrutura de concreto branca e garantir a durabilidade da delicada estrutura das pétalas em concha com 6 a 18 cm de espessura. Os sistemas de ventilação e refrigeração foram baseados em técnicas ancestrais e tradicionais da Índia.

 

O trabalho foi realizado por trabalhadores indianos, um grupo de cerca de 800 pessoas, incluindo 400 carpinteiros, utilizando a mais tradicional técnica e equipamento para alcançar a altíssima qualidade e sofisticação da construção.

 

O arquiteto acreditou que seu projeto só poderia ser executado pelos indianos porque é raro poder combinar o tradicional artesão, orgulhoso do seu trabalho, com empatia pelas coisas espirituais, perseverança para enfrentar todas as dificuldades e uma paciência enorme. O Templo foi aberto ao público em 1 de janeiro de 1987, e o povo indiano veio visitá-lo com muita curiosidade.

 

As salas vastas, a maciça estrutura toda branca, a grande sala de preces sem nenhum ídolo, tão diferente dos templos indianos cheios de ídolos, de deuses, inicialmente, deixou os indianos perplexos ante um templo com essas características, tanto os mais sofisticados quanto os mais simples.

 

Frequentemente perguntavam aos guias onde estavam colocados os objetos de adoração para serem cultuados. Em sua simplicidade muitos colocavam oferendas durante os serviços regulares de preces, como estavam acostumados a fazer nos templos hinduístas.

 

Porém, com o passar do tempo, os visitantes indianos começaram a entender o propósito da Fé Bahá’í de unir os corações das pessoas. Milhões de pessoas já atravessaram suas portas.

 


(Foto: Larissa Carbone Arquitetura&Interiores/Reprodução)

  

O Templo tocou profundamente o coração do povo da Índia em particular e o povo de todo o mundo em geral. Tudo que já foi dito sobre esse belíssimo templo da Fé Bahá’í pode ser resumido na frase de um dos membros da alta administração Bahá’í: “Aqui o amor e a devoção estão cristalizados em pedra”.

 

 

Fontes:

- Clássicos da Arquitetura: Templo de Lótus / Fariborz Sahba

- O Templo de Lótus

- TEMPLO DE LÓTUS – “Amor e a Devoção cristalizados em pedra”

- O Templo Da Flor De Lotus

- Lotus Temple, na Índia, inspirado na flor de lótus

 

  


Pós-Graduação