(Foto: Leonardo Finotti, Projeto: Nova Sede da CNM - Mira Arquitetos/ AECweb/Reprodução)
À primeira vista, os espelhos d’água podem parecer simples
elementos decorativos na composição arquitetônica das edificações. Em muitos
projetos, porém, eles desempenham funções técnicas mais práticas, servindo, por
exemplo, de reservatório de água para
combate a incêndios ou como um climatizador
natural capaz de atenuar as ilhas de calor nas construções.
Empregados tanto em áreas externas quanto em ambientes
internos, os espelhos d’água permitem compor
microclimas nas edificações, proporcionando maior conforto térmico aos
usuários. “A água age como elemento de climatização dos espaços arquitetônicos
por meio do processo de esfriamento por evaporação”, conta Luís Eduardo Loiola,
arquiteto e sócio-fundador do escritório Mira Arquitetos.
Dessa forma, além de aumentar a umidade do ar, o espelho
d’água ajuda a reduzir a temperatura no ambiente, minimizando os efeitos das chamadas ilhas de calor. “Se utilizados
sobre lajes, os espelhos d’água protegem as superfícies horizontais de
insolação, direta melhorando o desempenho térmico da construção”, acrescenta o
arquiteto.
Reserva
de Água
Outra função que os espelhos d’água podem desempenhar nas
construções é a de armazenamento de água
para uso em bacias sanitárias, torneiras de lavagem de garagens e áreas
técnicas em geral. “Também pode ser utilizado como reservatório para
combate a incêndio”, completa Loiola, cujo escritório projetou os espelhos
d’água com essa função na Nova Sede da Confederação Nacional de Municípios, em
Brasília.
“Nós aproveitamos o espelho d’água como reservatório para
diminuir o tamanho das caixas de água. O
impacto na volumetria do edifício seria muito grande se não tivéssemos
adotado essa solução”, relata o arquiteto.
Para que funcione como reservatório, o espelho d’água deve
contar com infraestrutura dotada de conjunto de moto bombas de recalque,
reservatórios auxiliares, sistema de pressurização garantindo pressões
adequadas a todos os pontos de consumo, além de estações de tratamento
específicas.

(Foto: Marcelo Donadussi, Projeto: Alphaville – AUM/ AECweb/Reprodução)
Fluxos
Os espelhos d’água também auxiliam na orientação de fluxos dos projetos, uma vez que podem impedir a
passagem do usuário e obrigá-lo a percorrer seu contorno. Esse recurso foi
utilizado no projeto Alphaville Pelotas para separar a área interna da área
externa do clube.
“O espelho d’água foi uma solução encontrada para garantir privacidade e conformação dos
fluxos sem demandar, necessariamente, uma grade na frente do clube”,
explica Renato Dalla Marta, arquiteto e titular do escritório de arquitetura
AUM Arquitetos.
Dicas
para projetar
Construídos em geometrias variáveis, os espelhos d’água
têm, de modo geral, profundidades que variam de 20 cm a 60 cm. Podem ser de concreto
armado, lonas plásticas ou de borracha.
A solução requer projeto
de impermeabilização, em que é indicada a aplicação de mantas de EPDM
(borracha de etileno-propileno-dieno).
O fundo pode ser preenchido com pastilhas de vidros,
pedrinhas, seixos, entre outros. Já as bordas externas costumam ser projetadas
em mármore, madeira, granito e pastilhas, variando
de acordo com o projeto. Os espelhos d’água podem receber diversos
ornamentos, como cascatas, fontes, peixes, iluminação, entre outros.
Recomenda-se, ainda, elaborar um estudo prévio do terreno onde o espelho d’água será construído, além
de um bom projeto de drenagem e do sistema de filtragem da água.