O Brasil ainda sente os efeitos de uma crise de escassez de recursos hídricos, a qual atingiu simultânea e indiscriminadamente, diversas regiões do país criticamente, devido especialmente, à baixa pluviosidade ou seca. Exceto em parte do Nordeste, esta crise ocorreu em sua base, por causa, essencialmente, da falta de planejamento por parte dos setores responsáveis nos órgãos governamentais.
Segundo o portal UOL, em recente diagnóstico, o IBGE reconhece que “a seca é o maior desastre ambiental do Brasil. E, diferentemente do que se costuma imaginar, os episódios de escassez de chuvas não estão restritos aos municípios do Nordeste; pelo contrário, são bem distribuídos por todo o país”. De acordo com Perfil dos Municípios Brasileiros (MUNIC) e Perfil dos Estados Brasileiros (ESTADIC) 2017, “praticamente a metade dos 5.570 municípios brasileiros (48,6%) registraram algum episódio de seca”.
Como consequência das secas, outra crise, prevista e estabelecida, é a da escassez de energia elétrica. Como é sabido, a matriz energética brasileira é majoritariamente baseada em hidroeletricidade, extremamente sensível às variações climáticas relativas às precipitações. Além disso, o aumento do consumo de energia nos últimos anos devido ao crescimento econômico e melhoria da qualidade de vida da população, trouxe uma urgência na ampliação da disponibilidade de carga elétrica.
Outro aspecto ligado à água que afeta o país é a da infraestrutura. Este setor que engloba os serviços de abastecimento de água, drenagem e coleta e disposição de esgoto, necessita de ampliação para o adequado atendimento aos cidadãos. Cerca de 50% da população brasileira não têm acesso aos serviços básicos de saneamento. No setor produtivo, a água é insumo essencial, representando o agronegócio, aproximadamente 70% do consumo dos recursos hídricos e a indústria 15%.
Considerando os aspectos discutidos anteriormente, uma parte importante para diminuir a vulnerabilidade do país às crises hídricas e suas consequências, é projetar e implementar um eficiente sistema de estruturas hidráulicas. Estrutura hidráulica é uma estrutura submersa ou parcialmente submersa, construída para alterar, acumular, interromper, medir, controlar, desviar ou conduzir o fluxo natural da água.
Não somente a escassez de água motiva o projeto e construção de estruturas hidráulicas. Este tipo obra é fundamental para mitigar efeitos de catástrofes naturais ligadas aos eventos extremos (máximos) relacionados à água. Neste aspecto também, o país carece tanto de profissionais como de preocupação política com o assunto. Ainda segundo o IBGE no estudo já citado, “31% dos municípios registraram casos de alagamentos, 27,2% de enxurrada”, e mais: “a grande maioria dos municípios brasileiros (59,0%) não apresenta nenhum instrumento voltado à prevenção de desastres naturais e apenas 14,7% tinham um plano específico de contingência e/ou prevenção à seca”.
Não é preciso refletir muito para concluir que a produção de alimentos é em grande escala dependente de irrigação. Muito da produção de hortaliças, frutas e cereais é resultado de intensa rega, proporcionando, no Nordeste, safras ao longo do ano inteiro, independente das estações climáticas. Essa prática envolve um complexo (e custoso) sistema de estruturas hidráulicas compostas por estações de bombeamento, canais, adutoras e linhas de distribuição de água.
Em relação à saúde pública, o saneamento básico, que envolve distribuição de água tratada e posterior captação dos efluentes para tratamento e correta disposição, é fundamental para a manutenção de baixos padrões de incidência de enfermidades na população. Doenças de veiculação hídricas, que são inúmeras, podem ter o ciclo imediatamente rompido através da execução de obras da natureza hidráulica. Há relatos que a medida simples de coleta de esgoto doméstico e fornecimento de água tratada, é suficiente, no curto prazo de um ano, de reduzir violentamente a mortalidade infantil.
Em suma, a captação, condução ou adução, distribuição e aplicação da água, insumo fundamental para as sociedades, passa necessariamente pelas estruturas hidráulicas que tiveram o início de desenvolvimento, ainda no Crescente Fértil, há cerca de 6 mil anos. Muito é devido a elas o estágio atual de desenvolvimento da humanidade, em especial, o ocidente.
Dicas para o profissional
A primeira é buscar uma especialização. As graduações, independente da área, estão com mais deficiências e muitas delas terão que ser supridas. Com certeza isso será adquirido em cursos de especialização. O caminho é sempre se qualificar. Existe mercado, mas para quem é qualificado. Além disso, o profissional tem que ser multidisciplinar e entender um pouco de cada área. Pós-graduação em Engenharia, MBA e Especialização em Arquitetura são boas opções.