Linha de montagem da Fiat em Betim ( Foto: Patrícia Fiúza/G1/Reprodução)
O movimento de consolidação do setor automotivo global ganha
mais força com o anúncio desta segunda-feira, 27, da possível fusão entre a ítalo-americana Fiat Chrysler Automobiles (FCA)
e a francesa Renault. A nova empresa seria a terceira maior montadora do mundo, com 8,7 milhões de vendas anuais, bem como uma economia de 5 bilhões de euros ao ano.
Pela proposta da FCA, a nova empresa pertenceria em 50% aos acionistas do grupo
ítalo-americano e, o restante, aos da montadora francesa. A Renault disse em
comunicado que deverá informar o resultado das negociações futuramente.
A possível fusão acertaria em cheio o Brasil, onde as
marcas Fiat, Jeep (também do grupo FCA) e Renault, juntas, possuem um market
share estimado de mais de 27%,
segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores
(Fenabrave).
A Fiat é a terceira maior montadora em automóveis e
veículos comerciais leves, segundo dados da Fenabrave, com 13,6% do mercado. A Renault vem logo atrás, com 8,8% de
participação, e a Jeep tem 4,91%, de acordo com dados acumulados até abril.
(Foto: FCA/Divulgação)
No país, Argo, Mobi e Cronos são os carros mais vendidos da
Fiat. Kwid, Sandero e Captur são os mais populares da Renault.
Movimento
global
Outra aliança global que pode estar a caminho é entre Volkswagen e Ford na área de projetos
de veículos, o que incluiria o Brasil.
No entanto, não haveria fusão ou participações acionárias entre as empresas.
Para o consultor do setor automotivo da Bright Consulting,
Paulo Cardamone, as montadoras estão buscando, globalmente, consolidação. “No
caso da FCA e da Renault, haveria uma
mudança significativa inclusive no mercado brasileiro, com ganho de escala.
Além disso, a exigência do consumidor em relação a tecnologias embarcadas, que
custam caro, demanda recursos das empresas e uma fusão desse tipo favorece os envolvidos.
”
Ele destaca que é possível que as duas montadoras consigam
inclusive reorganizar sua rede de
distribuição. “FCA e Renault conhecem profundamente o que é uma aliança
estratégica e ambas têm raízes na Europa, o que facilita culturalmente a
parceria”.
O gerente da consultoria especializada em indústria
automotiva Jato Dynimics, Milad Kalume Neto, alerta, porém, para as bases do
acordo. “Como qualquer fusão no segmento, trata-se
de um negócio bastante complexo, por isso é preciso entender principalmente
onde ficará a aliança entre Renault e Nissan/Mitsubishi, que hoje é muito
intrínseca”, avalia.
A montadora francesa e a Nissan possuem uma aliança
estratégica global de quase 20 anos,
que deve trazer desafios para as ambições do grupo FCA. Em comunicado do
acordo, o grupo ítalo-americano afirma que, se combinadas as operações,
incluindo Nissan e Mitsubishi, seria
a maior aliança de montadoras do mundo,
com vendas anuais de mais de 15 milhões de veículos.
Mercados
Em 2018, a Renault vendeu no mundo 3,8 milhões de
automóveis e comerciais leves e obteve 57,42 bilhões de euros em faturamento.
Possui 183 mil funcionários, cerca de 7
mil só no Brasil. Globalmente, o grupo possui cinco marcas: Renault, Dacia,
Renault Samsung Motors ou RSM, Alpine e Lada. No Brasil, a empresa tem fábrica no Paraná e cerca de 300
concessionárias.
Já a FCA faturou 110 bilhões de euros no ano passado, com
vendas de 4,8 milhões unidades, considerando todas as marcas e joint ventures
do grupo. Possui 236 mil funcionários no mundo e 102 fábricas. O grupo tem no
Brasil seu segundo maior mercado global,
atrás apenas da Itália. Além da fábrica de Goiana
(PE), que produz modelos Jeep, o complexo industrial de Betim (MG) é o maior do grupo no mundo,
com capacidade instalada para 800 mil veículos por ano.
A Fiat conseguiu entrar mais forte no mercado
norte-americano com a aliança e posterior fusão com a Chrysler, que foi
concluída em 2014 com abertura de capital da FCA na Bolsa de Nova York. No caso
da Renault, essa seria uma grande oportunidade para afiar as garras e entrar de
cabeça nos EUA.
Scania fará novo aporte de R$ 1,4 bi na fábrica do ABC
(Foto: Istoé Dinheiro/Reprodução)
A fabricante de caminhões e ônibus Scania anunciou, no último dia 21, investimento de R$ 1,4 bilhão na fábrica de São Bernardo do
Campo, no ABC paulista, para o período de 2021 a 2024. Até lá, o grupo
sueco vai concluir o aporte de R$ 2,6 bilhões iniciado em 2016.
A maior parte do novo montante será aplicada na modernização da fábrica - que no ano
passado já foi totalmente remodelada - e na produção de veículos movidos a
combustíveis alternativos, começando com gás natural (GNV) e biogás.
Segundo a empresa, o GNV tem custo de operação inferior ao
diesel, além de índice de emissão de poluentes até 70% menor. A nova plataforma de produtos inaugurada no fim de
2018 também terá condições de, no longo prazo, produzir caminhões híbridos e elétricos.
De acordo com o presidente da Scania Latin America,
Christopher Podgorski, um aporte de R$
75 milhões será antecipado para criar um centro de pesquisa e
desenvolvimento. "As iniciativas deixam claro o quão estratégica é nossa
operação no Brasil", diz o executivo, em nota.
Hoje, a fábrica do ABC já conta com um departamento de
P&D com 250 Engenheiros
que trabalham em parceria com a matriz do grupo. "Atualmente, por exemplo,
somos os responsáveis globais pelos testes de validação de veículos em
condições severas. É um claro reconhecimento da importância de estar presente
na América Latina com esta área", afirma Podgorski.
Ford
O novo plano de investimento da Scania ocorre num momento
em que a vizinha Ford desistiu de
produzir caminhões no País e colocou suas instalações à venda.
O principal interessado no negócio, o grupo brasileiro
Caoa, já disse ter intenções de manter a produção de caminhões com a marca Ford
e introduzir a linha Hyundai, marca
coreana que a empresa produz no País sob licença, em Anápolis (GO).
"Nosso ritmo de investimento tem sido de R$ 100 milhões ao ano mas, agora, para
atender as necessidades das novas tendências ligadas ao mundo do transporte,
precisamos elevar esse patamar", diz Podgorski.
Segundo o executivo, a fábrica brasileira faz parte de um sistema de produção global.
"Acabamos de lançar um produto embarcado com uma plataforma ligada à
futuras tecnologias, e esses recursos são base para o que está por vir."
Incentivo
A Scania aguarda a publicação do decreto com detalhes sobre
o programa IncentivAuto para decidir
se vai aderir e, assim, ter direito a desconto do ICMS. O programa foi lançado
em março com promessa de descontos progressivos de até 25% do imposto, mas até agora não foi regulamentado pelo
governo do Estado.
O IncentivAuto prevê desconto
do ICMS para investimentos a partir de R$ 1 bilhão e geração de pelo menos 400
vagas. A Scania emprega atualmente 4,5 mil funcionários e, segundo a
empresa, não tem planos de contratações no curto prazo por estar com o quadro
de pessoal adequado à demanda atual.
A prefeitura de São Bernardo também oferece desconto no
IPTU de até 30% para quem gerar 50
novas vagas. A previsão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea) para o mercado de caminhões é de alta de 15% neste ano, para cerca de 88 mil unidades. A Scania
projeta alta de 10% a 20% para suas vendas, que no ano passado somaram 8,6 mil
unidades de modelos semipesados e pesados.
Entre as montadoras, já foi anunciado neste ano
investimentos de R$ 10 bilhões pela General
Motors para as fábricas de São Caetano do Sul e de São José dos Campos no
período de 2020 a 2024. A Hyundai anunciou
R$ 125 milhões para ampliar a capacidade produtiva da fábrica de Piracicaba de
180 mil para 210 mil unidades ao ano.
A FCA Fiat Chrysler anuncia investimentos para a fábrica de
Betim (MG) e Nissan e Renault estudam
novos planos para as unidades de Resende (RJ) e São José dos Pinhais (PR),
respectivamente.
Air Europa é liberada para operar voos domésticos no Brasil
(Foto: Pan Rotas/Reprodução)
A Air Europa poderá atuar em voos domésticos no Brasil. A Anac outorgou a concessão para a
prestação de serviços de transporte aéreo regular no Brasil da Globalia, grupo
que administra a Air Europa. A diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil
realizou na tarde da última quarta-feira (22) uma Reunião Deliberativa
Extraordinária para concessão de exploração de serviço regular de passageiros.
Segundo o Ministério do Turismo, "a chegada da primeira empresa internacional no mercado doméstico tem
tudo para reduzir o preço das passagens no País". O MTur ressaltou
também que "o aumento da competição beneficia o turista brasileiro".
Esta foi a primeira
aérea internacional a solicitar outorga para constituição de empresa com
100% de capital estrangeiro em operação regular de passageiros no País.
Recentemente, o ministério do Turismo cravou que a Air
Europa dobrará de 18 para 36 seu número de voos entre o Velho Continente e o
Brasil. Hoje, a Air Europa opera em rotas internacionais, partindo e chegando
no país, dos aeroportos de Guarulhos,
Salvador e Recife para Madri.
A aprovação ocorreu durante o período de vigência da Medida
Provisória 863/19, que acaba com a limitação de 20% de capital estrangeiro em
empresas aéreas.
Empresas
do Japão querem investir no Brasil, diz embaixador do Japão no país
(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil /Reprodução)
Em março deste ano, na semana em que o Governo Federal isentou os japoneses da exigência
do visto de turismo e de negócios, o embaixador do Japão no Brasil, Akira
Yamada, disse que aumentou o número de
executivos japoneses interessados em vir para o país conhecer os projetos
brasileiros e investir. Segundo ele, os investimentos estão atrelados às
reformas da Previdência e Tributária em tramitação no Congresso Nacional.
De acordo com o embaixador, há cerca de 700 empresas japonesas atuando no Brasil. De
acordo com ele, este número não cresce
há cinco anos. No entanto, o diplomata está otimista com os possíveis
avanços que virão. “Compartilhamos valores fundamentais básicos como
democracia, direitos humanos e justiça. Queremos desenvolver ainda mais essa
parceria não só no contexto bilateral mas
nos fóruns internacionais. ”
Yamada destacou que as autoridades brasileiras e japonesas
estão em contato permanente para destravar os obstáculos à exportação. Segundo
ele, os principais obstáculos se concentram nas questões fitossanitárias.
“O Japão tem um sistema muito rígido na questão
sanitária. Se houver alguma carne contaminada isso afetaria o Japão.
Uma vez concluindo o estudo sanitário, a carne poderá voltar a entrar no
mercado japonês. O tema sanitário não é político, é técnico. ”
O embaixador ressaltou que o “frango brasileiro quase domina o mercado japonês”. Porém, os
produtores brasileiros querem elevar os números. Pelos dados oficiais, o Brasil
exporta para o Japão principalmente
minérios de ferro e concentrados, além de celulose e café cru. Do Japão, o
Brasil compra óleos combustíveis, peças de veículos, aparelhos, automóveis,
motores e pneus.
Para embaixador, a relação entre Brasil e Japão começou há
110 anos com a chegada dos primeiros imigrantes japoneses. Ele ressaltou que há
aproximadamente 2 milhões de japoneses e descendentes japoneses no Brasil, o maior contingente populacional fora do
Japão.
De acordo com o diplomata, o empenho na parceria pode ser observado,
por exemplo, na execução do Projeto de
Desenvolvimento do Cerrado (Prodecer), um programa de cooperação iniciado
na segunda metade dos anos 1970 com a participação de técnicos e pesquisadores
japoneses para incentivar o plantio de cereais, sobretudo soja, no cerrado
brasileiro.
“Tanto os japoneses como os brasileiros têm de estar
orgulhosos com a história do Prodecer. Esse projeto é um marco na história
mundial da agricultura”, afirmou Akira Yamada.
Entusiasmado, Yamada disse que os Jogos Olímpicos e
Paralímpicos em 2020, em Tóquio, serão “os
mais inovadores da história”. Sem entrar em detalhes, ele afirmou que
haverá o uso de tecnologia avançada, incluindo biometria facial e robótica.
General
Motors anuncia investimentos de R$ 10 bilhões em fábricas paulistas
João Dória, governador do estado de São Paulo, e Carlos Zarlenga, presidente da General Motors na América Latina. (Foto: Governo do Estado de São Paulo/Reprodução)
Também em março deste ano, a General Motors anunciou um investimento de R$ 10 bilhões entre 2020 e 2024 em suas fábricas no estado de São
Paulo. Desse total, R$ 5 bilhões serão aportados na unidade de São José dos
Campos, onde será fabricada a nova geração da picape S10.
Com esses investimentos, cerca de 13 mil empregos serão preservados no estado, segundo a montadora. A
GM vai se beneficiar do programa IncentivAuto. Dentro dos planos podem estar
propostas de novas fábricas, novas unidades de produção, produtos ou mesmo a
expansão de plantas industriais.
Incentivo
em São Caetano
A prefeitura de São Caetano do Sul apresentou, também em
março, o Programa de Incentivo à
Indústria Automotiva (ProAuto), projeto
de lei que trata da concessão e benefícios fiscais para a indústria automotiva
na cidade.
O ProAuto prevê isenção e descontos em IPTU, ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) e nas contas de água e esgoto.
A prefeitura de São Caetano espera ter retorno de R$ 1,1
bilhão durante os 8 anos de vigência do programa, além de contar com a manutenção
de empregos na cidade.
Hyundai
anuncia investimentos de R$ 125 milhões em Piracicaba
(Foto: Época Negócios/Reprodução)
No dia 11 de março deste ano, a Hyundai Motor Brasil investimentos
de R$ 125 milhões para ampliar a
capacidade produtiva da fábrica em Piracicaba, interior de São Paulo, de
180 mil unidades ao ano para 210 mil.
O grupo já opera em três turnos de trabalho desde 2013 e manterá seu quadro atual
de 2,7 mil funcionários.
Em 2018, com trabalho 24 horas nos cinco dias úteis da
semana e horas extras aos sábados, a empresa conseguiu produzir volume recorde
de 193 mil veículos. Agora, com a
melhora do processo produtivo, será possível ampliar a capacidade em 30 mil
unidades sem novas contratações.
O investimento será aplicado em melhorias nas operações e aquisição de novos equipamentos de alta
tecnologia, inclusive robôs.
Em nota, o presidente da Hyundai Brasil, Eduardo Jin,
afirmou que a fábrica passou por diversas melhorias, principalmente nas estruturas de solda, pintura e montagem.
"O volume adicional de 30 mil veículos vai atender prioritariamente o
mercado brasileiro, respondendo às expectativas de crescimento do mercado
brasileiro". Segundo o executivo, com essa ampliação a marca "poderá
manter sua participação de mercado ao longo do ano."
A fábrica produz os modelos
HB20 - terceiro carro mais vendido no País atualmente - e o
utilitário-esportivo (SUV) Creta. Por não ter capacidade de atender a demanda,
a Hyundai vinha reduzindo sua participação no mercado, que em 2016 chegou a 10%
e a colocou como quarta maior marca em vendas no Brasil. No primeiro bimestre
deste ano ela ficou em sétimo lugar no ranking, com 7,5% de participação no
mercado de automóveis e comerciais leves e vendas de 28,7 mil veículos.
Desde a inauguração da fábrica, em 2012, inicialmente com
capacidade para 150 mil carros ao ano, o grupo já havia investido US$ 830 milhões.
Ministro
anuncia acréscimo de R$ 4 bilhões para fundo do Nordeste
Na última sexta-feira (24), o governo anunciou um acréscimo de R$ 4 bilhões no Fundo
Constitucional de Financiamento da região (FNE). O ministro do Desenvolvimento
Regional (MDR), Gustavo Canuto, explicou que o valor estimado do FNE em 2019
subirá de R$ 23,7 bilhões para R$ 27,7 bilhões, sendo R$ 3 bilhões destinados à projetos de infraestrutura e o outro
R$ 1 bilhão ao Programa Nacional de
Microcrédito Produtivo Orientado.
O ministro disse que a origem dos recursos é o retorno de investimentos, já que o FNE
faz financiamentos: “O Banco do Nordeste fez uma revisão das estimativas e esse
valor está voltando dos financiamentos que foram feitos. Ou seja, menor
inadimplência, pagamento em dia, trouxe uma estimativa maior para os
investimentos”.
O FNE é um dos três fundos constitucionais criados para implementar a política de desenvolvimento
regional — os outros são do Centro-Oeste (FCO) e do Norte (FNO). Os
recursos são voltados a atividades de pequeno e médio porte, mas também atendem
a grandes investidores.
Fontes:
- Exame