O que é a Agricultura 4.0 e quais são suas características?



O que é a Agricultura 4.0 e quais são suas características?

(Imagem: Remessa Online/Reprodução)



A era digital é uma realidade e se engana quem pensa que ela se aplica apenas aos setores que trabalham em grandes centros urbanos. A Agricultura 4.0 comprova que a transformação digital chegou ao campo e tem um papel importante no desenvolvimento do país.


Contudo, muitos ainda não estão familiarizados com esse conceito ou a sua relevância. Portanto, vale a pena entender mais sobre o tema e a evolução da agricultura ao longo do tempo.



O que é Agricultura 4.0?


Para entender o conceito de Agricultura 4.0, é preciso entender a chamada 4ª Revolução Industrial. Não há um consenso ainda sobre a data inicial, mas é possível notar sinais desse movimento a partir de 2010.


Essa revolução se caracteriza pela aplicação de um conjunto de tecnologias digitais avançadas aos processos produtivos. Ou seja, além do uso de máquinas, outras ferramentas inovadoras passaram a compor os processos. A medida traz maior eficiência para as indústrias.


Nesse sentido, a Agricultura 4.0 se refere à inovação nos processos do setor, com a digitalização da produção rural. Isso proporciona uma estruturação mais inteligente e eficiente, com uso das novas tecnologias para beneficiar o setor.


Pelo mesmo motivo, o termo também é conhecido como Agricultura Digital ou Agritech. Ademais, embora muitas vezes a transformação digital gere certa resistência, estudos comprovam a sua relevância para o segmento rural.


Um estudo divulgado pelo International Food Policy Research Institute (IFPRI) sobre o assunto trouxe informações relevantes. A produção de milho pelo plantio direto utilizando as ferramentas tecnológicas poderia aumentar em até 67% em 2050.


As medidas também podem proporcionar a redução de preços em até 50% nesse mesmo período. Dessa maneira, a constante evolução da agricultura é essencial para o desenvolvimento social e econômico.


Em relação ao aumento expressivo de produtividade agrícola no Brasil, os indicadores mostram que as décadas de maior desenvolvimento ocorreram entre 1975 e 2017.


Durante esses anos, a produção de grãos no país, que era de 38 milhões de toneladas, passou a ser seis vezes maior, atingindo 236 milhões de toneladas de grãos, como mostram os estudos da Embrapa.


Em resumo, podemos dividir a evolução da agricultura em quatro revoluções:


  • Agricultura 1.0: representa a agricultura como subsistência, feita à mão, sem muitos recursos tecnológicos e baixa produtividade;

  • Agricultura 2.0: a agricultura 2.0 representa a chegada de máquinas e evolução da ciência a partir dos anos 1950. Essa era da agricultura marca o começo da produção em grande escala, fornecimento de insumos e comércio global;

  • Agricultura 3.0: ocorre entre os anos 1990 e 2010 com a introdução do mercado de automação e o despertar para a importância da sustentabilidade nos processos agrícolas. Na agricultura 3.0, os produtores começam a utilizar de forma estratégica a coleta de dados para melhorar a produtividade no campo e para ter tomadas de decisão mais precisas;

  • Agricultura 4.0: A partir da agricultura 4.0, a partir dos anos 2010,  temos uma revolução digital e um boom de novas tecnologias e pesquisas para potencializar o agronegócio.




Quais são os 4 pilares da Agricultura 4.0?


(Imagem: Leonid Sorkin/Getty Images - Forbes/Reprodução)



Com o objetivo de compreender melhor a Agricultura 4.0, é importante saber que ela se baseia em 4 pilares. Assim, eles sustentam o desenvolvimento desse conceito. Isso porque eles se alinham à finalidade da 4ª Revolução Industrial: modernizar, simplificar e otimizar a produção.


Ademais, não basta conhecer os pilares. Para que eles funcionem, as empresas do setor precisam buscar tecnologias inovadoras e adotar a análise de dados em seu dia a dia, viabilizando a transformação do setor.


Confira abaixo os 4 pilares da Agricultura 4.0 e como eles funcionam!



Gestão de dados do campo


Esse pilar traz o conceito de gestão de dados e Big Data para o campo. Para isso, os produtores rurais precisam passar por capacitações e contar com recursos que permitam a coleta, o tratamento e a análise de informações.


A partir disso, a tomada de decisão acontece de maneira mais efetiva, promovendo melhorias nos processos de produção. Ademais, o controle dos dados permite identificar gargalos e pontos de melhoria com maior facilidade. Logo, é possível aprimorar os resultados de maneira contínua.



Produção otimizada por novas ferramentas e técnicas precisas


Aqui, a ideia é adotar cada vez mais ferramentas tecnológicas, com novos maquinários e equipamentos. Eles devem ajudar a otimizar os processos e trazer maior precisão para as técnicas utilizadas na agricultura.


Isso permite agilizar os processos, reduzir os erros, eliminar gargalos e aumentar a produção. Tudo isso mantendo a qualidade dos produtos.



Profissionalização do campo


Como a agricultura faz parte do setor primário, podem surgir dificuldades para entender a importância de profissionalizá-la. Entretanto, com as novidades do setor, as equipes e profissionais envolvidos em cada etapa precisam aprofundar os seus conhecimentos.


Isso significa que a Agricultura 4.0 também prevê a aplicação de capacitações e treinamentos, readequação de processos produtivos e adoção de outras medidas para deixar a atuação mais profissional.



Sustentabilidade e eficiência produtiva


Por muito tempo, as pessoas tiveram a ideia de que o crescimento da aplicação da tecnologia, necessariamente, geraria maiores danos ambientais. Contudo, a evolução do mercado já encontrou soluções tecnológicas que ajudam na preservação.


Em geral, isso ocorre por meio da eficiência produtiva, que reduz erros, desperdícios e outros problemas que podem ser prejudiciais ao meio ambiente. Porém, os produtores também precisam ter essa visão focada na sustentabilidade.


Ou seja, ao planejar políticas de expansão, é preciso considerar os impactos ambientais e medidas que podem ser adotadas para beneficiar a natureza. O foco é ter um equilíbrio entre a preservação do meio ambiente e a produção, tornando todo o processo mais positivo para a sociedade.



Quais são as tendências do setor?


(Imagem: Remessa Online/Reprodução)



Conhecendo o conceito de Agricultura 4.0 e os seus pilares, é possível notar que ela exige a aplicação da tecnologia nos processos. Esse movimento é acompanhado do surgimento de diversas soluções para o campo.


Como resultado, existem diversas tendências e inovações que já fazem parte do setor agro e tendem a crescer com a evolução da Agricultura 4.0.


Confira as principais tendências do setor e como elas são aplicadas.



Big Data no agronegócio


O Big Data se refere ao grande volume de dados gerados diariamente e à necessidade de tratá-los e fazer análises para que eles possam ser transformados em informações úteis para o negócio.


No agronegócio, o Big Data pode utilizar as informações para gerar métricas e indicadores de desempenho para avaliar os resultados obtidos na produção. Ele também pode ajudar a identificar padrões para embasar projeções e desenvolver estratégias que tornem a cadeia produtiva mais efetiva.


Ele pode ser utilizado em conjunto com outras ferramentas, como inteligência artificial, para avaliar condições climáticas ou monitorar produção à distância. Afinal, com um software preparado, os produtores terão condições de processar e avaliar todos os dados levantados.



Agricultura de Precisão


A Agricultura de Precisão, também chamada de AP, amplia o monitoramento de todas as atividades agrícolas por meio de tecnologias avançadas. Por exemplo, ela pode mapear uma propriedade e identificar o possível retorno que ela pode trazer por meio do plantio.


Em conjunto com o Big Data e a análise de todas as informações, fica mais fácil fazer projeções para avaliar possíveis mudanças. O motivo é que o produtor pode analisar, por exemplo, condições ideais de cultivo e em quais locais elas estão presentes.


Também fica mais simples adotar medidas de prevenção a pragas e doenças ou a aplicação dos cuidados necessários para a lavoura, como irrigação e aplicação de defensivos. Ou seja, a AP traz uma nova forma de gerir as lavouras para aprimorar a produção.



Internet das Coisas (IoT) no campo


A IoT permite configurar uma comunicação direta entre diferentes equipamentos por meio de conexões sem fio ou sensores acoplados. A partir disso, é possível automatizar uma série de atividades no campo, conforme os parâmetros estabelecidos.


Por exemplo, há chances de programar os equipamentos de irrigação para serem ativados conforme a textura do solo, que ajuda a indicar o nível de umidade.


Os produtores também têm a oportunidade de utilizar equipamentos diferentes com ferramentas de coleta de dados. Até mesmo os tratores podem contar com essa solução. Com essa conexão, a empresa acompanha a evolução de cada etapa e realiza correções em tempo real.



Drones na agricultura


Os drones já são bastante conhecidos, pensados como itens para diversão ou para aplicações diversas no mercado. No entanto, ele também pode trazer benefícios bastantes positivos para a Agricultura 4.0.


Em geral, eles são usados para capturar imagens das lavouras para que os profissionais possam analisá-las por programas especializados. Assim, há chances de identificar a evolução da plantação, pontos de atenção e outras informações.



Blockchain e rastreabilidade de alimentos


O termo blockchain ficou bastante conhecido com as criptomoedas. Trata-se de um sistema que funciona como um grande livro contábil, registrando todas as transações e validando as informações contidas.


O nome faz referência ao seu processo de validação: cada movimento deve ser validado pelo sistema. Quando aprovado, ele gera um bloco de informações que também traz os dados de todos os blocos anteriores. Assim, ele forma uma corrente de blocos.


Por ser uma rede que proporciona alta segurança, ela passou a ter maior aplicação no mercado — inclusive na agricultura. Por exemplo, o blockchain tem sido aplicado para rastrear os alimentos, garantindo adequação às normas aplicáveis ao setor.



Por que a evolução da agricultura é tão importante?



Também é comum se perguntar por que o uso da tecnologia e a evolução da agricultura são tão relevantes. Um dos motivos é a necessidade de acompanhar o mercado e os movimentos de outros setores, já que diversos meios de produção são interligados.


Ademais, existem questões sociais e econômicas envolvidas. Por exemplo, há uma preocupação no setor em relação ao fornecimento de alimentos no futuro. O crescimento da população e os impactos ambientais gerados pela ação humana na natureza trouxeram alertas relevantes.


Nesse sentido, conforme divulgado pelo IFPRI no estudo mencionado, o uso conjunto das diversas tecnologias existentes é fundamental para maximizar o potencial de produção. 


Como resultado, além de beneficiar as políticas de preços, há chances de reduzir a insegurança alimentar da população.


Do mesmo modo, conseguir manter níveis de produção adequados é fundamental para o desenvolvimento do setor — e também tem impactos na economia brasileira.



Detecção de pragas

O controle de pragas é fundamental para a agricultura, pois ajuda a maximizar as plantações e aproveitar melhor o espaço usado para o plantio.


Hoje, estima-se que cerca de 20% a 40% dos rendimentos das culturas são afetados por pragas e doenças, o que é muito ruim para a lucratividade de um negócio.


Com a Agricultura 4.0, essa realidade pode ser contornada, pois existem modelos preditivos de doenças, a criação de mapas de zonas afetadas, a criação de armadilhas automáticas e a cubicagem de defensivos agrícolas para o controle de pragas.


Através dessas estratégias, é possível reduzir o impacto das pragas e doenças nas plantações, o que ajuda o agricultor a maximizar os seus ganhos com a terra.



Quais são os desafios da agricultura 4.0



A agricultura 4.0 apresenta muitas vantagens para os agricultores, mas na prática ainda existem alguns desafios a serem vencidos. 


Embora o ritmo de desenvolvimento de novas tecnologias esteja em constante crescimento, os produtores ainda enfrentam alguns gargalos como problemas de conectividade no campo.


A conectividade precária ou inexistente em regiões produtoras do país ainda é um dos maiores impeditivos na hora de implementar o uso de novas tecnologias que a agricultura 4.0 apresenta aos produtores.


Segundo o Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente 5% das áreas agrícolas do país estão conectadas à internet. 


Outro grande desafio para a agricultura 4.0 é a padronização tecnológica, para garantir que os equipamentos funcionem de maneira integrada.


Sem essa padronização ou possibilidade de integração, o agricultor terá de fazer um investimento maior em inovações tecnológicas, o que pode acabar encarecendo.


Muitas vezes, a baixa adesão às tecnologias de ponta estão relacionadas ao mito de ser um investimento de alto custo.


Contudo, atualmente existem soluções com um alcance mais acessível e que funcionam de maneira integrada com outros sistemas, tornando o custo inicial de investimento com um ótimo custo-benefício.


Do ponto de vista de fatores ambientais e sociais, são grandes os desafios da agricultura 4.0 para desenvolver soluções que possam lidar de forma sustentável com as restrições de recursos naturais e mudanças climáticas, introdução da agricultura familiar no uso de tecnologias de ponta e aumento da produtividade sem expansão da área de produção.



O que é necessário para implementar a agricultura 4.0?


Quando falamos de agricultura 4.0 estamos falando de uma série de tecnologias e estratégias que podem ser adotadas nas lavouras para maximizar a produtividade e evitar o desperdício de água e outros recursos.


Por isso, nesse sentido, existem diversas formas de implementar a agricultura 4.0. 


É possível, por exemplo, utilizar drones para fazer o monitoramento da lavoura à distância, e sistemas de telemetria para averiguar a necessidade de água de áreas da plantação.


Também é possível fazer o tratamento de sementes, modificações e upgrades genéticos que propiciam um crescimento mais forte e rentável ou mesmo plantas mais resistentes às condições climáticas da região e às possíveis pragas.


Além disso, também é possível implementar tecnologias de análise do clima para se preparar para o impacto de uma seca ou de uma temporada de chuvas muito forte.



Conclusão


As tecnologias apresentam diversas possibilidades de melhorias no processo de produção agrícola, tanto em relação à produtividade quanto em aspectos como redução de desperdício e sustentabilidade.


Contudo, ainda existem desafios para que a agricultura 4.0 possa ser uma realidade para grande parte dos produtores brasileiros, como a conectividade no campo e a possibilidade de usar os sistemas de maneira integrada.


Felizmente, existem diversas soluções de ponta que proporcionam a otimização das etapas de plantação e colheita de forma integrada, indo além do trabalho no campo e melhorando também a gestão de processos administrativos e orçamentários.



Fontes:

- Remessa Online

- Forbes

- TOTVS



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