Fonte: Wikimedia Commons - Engenharia 360/Reprodução.
BIM passou de futuro para se tornar realidade para quem está entrando no mercado da construção. Mas você sabe de verdade o que significa a Tecnologia BIM?
Podemos dizer já que passaram-se os anos em que saber BIM era uma escolha para os profissionais de engenharia e arquitetura. Desde 2021, o uso da metodologia passou a ser obrigatório em obras públicas no Brasil e, com isso, acelerou ainda mais a adoção do BIM no mercado.
Mas, afinal, a Metodologia BIM é um software? É uma evolução do AutoCad? Por que ele está sendo tão falado ao redor do mundo?
Modelo BIM – construção virtual | Fonte: Wikimedia Commons - Engenharia 360/Reprodução.
O que é BIM?
“BIM é uma série de processos, métodos, softwares e tecnologias usados para melhorar a comunicação e a cooperação durante as fases de um empreendimento, desde a concepção arquitetônica até a manutenção do edifício. O modelo no caso, simplificando a ideia, se trata de uma versão digital completa da construção.” – BIM na Prática.
Para trazer primeiramente uma definição oficial sobre a sigla, podemos pegar a que está registrada em um dos primeiros documentos governamentais sobre o tema. É o caderno BIM, da Secretaria de Estado do Planejamento de Santa Catarina, que inclusive traz 2 definições possíveis:
Building Information Modeling (caráter verbal), que seria uma metodologia que cria um processo para a gestão da informação, desde a concepção até a gestão da edificação pronta.
Building Information Models (caráter de substantivo), seriam os modelos (projetos) digitais, 3D e ricos de informação (não se limitando a representações espaciais de elementos) e que consistem na base do processo BIM.
Para esclarecer então: BIM não é igual a Revit
Uma vez entendido que o conceito BIM como substantivo se refere unicamente ao modelo BIM, construí-lo é somente uma etapa de todas que a metodologia abre com suas informações inseridas no modelo.
E para esta etapa específica de modelagem, existem vários softwares que permitem a construção e manipulação destes modelos. O Revit é somente um deles, porém existem diversos outros, como:
Archicad, da Graphisoft (Hungria), muito famoso na Europa e EUA;
Edificius, da ACCA (Itália), bem disseminado na Europa e vencedor de prêmios como melhor software OpenBIM do mundo;
QiBuilder, da AltoQI (Brasil, que vem buscando adaptar seu portfólio de soluções a metodologia.
E além de softwares distintos, é importante frisar que existem também metodologias ou estratégias de modelagem diferentes. Cada uma feita para potencializar a aplicação desejada do modelo (estudo preliminar, orçar, etc) em menos tempo.
Entendendo a Tecnologia BIM com exemplos
Seguindo os conceitos apresentados, Building Information Modeling seria o conceito mais amplo de BIM. Pois ele seria uma soma de processo, métodos e softwares utilizados em toda jornada de um empreendimento, da concepção até sua eventual desativação.
Dessa forma, inserimos um volume de informações gigantesco nos projetos, que antes eram somente linhas e hachuras, respeitando processos construtivos e se adaptando de acordo com o momento do empreendimento.
Assim, um mesmo modelo pode ser usado para diferentes finalidades, na medida que ele avança no volume de informações e detalhamento:
Estudos de viabilidade;
Estudos de eficiência energética;
Simulação de custos (orçamentação);
Simulação de prazo (planejamento);
Extração de quantitativos para diferentes cenários de construção;
Estudo de projetos de engenharia;
Detecção de interferências de projeto;
Colaboração entre equipes multidisciplinares;
Acompanhamento durante a execução da obra;
Criação de modelos em realidade aumentada;
Manutenção pós obra;
E muitas outras finalidades.
Tendo em vista tantas frentes de trabalho em cima de um mesmo modelo, sendo atualizado e recebendo informações de diferentes profissionais, como gerir isso?
Mas o que é crucial introduzir logo de início, para entender esse processo de construção e manipulação da informação, é o conceito da interoperabilidade BIM. Ou seja, diferentes pessoas (e softwares) enriquecem o modelo de informação e utilizam a informação dos outros.
Esse fluxo de trabalho também muda a forma de colaboração entre os envolvidos em uma obra. A gestão de um projeto passa a ser muito mais colaborativa entre arquitetos, projetistas complementares, orçamentistas, engenheiros de obra e demais envolvidos.
Portanto, conhecimentos de obra e habilidades pessoais serão cada vez mais importantes para os profissionais da nova indústria da construção. Além disso, abre-se uma grande oportunidade de mercado da para práticas de qualidade em gestão de projetos, ainda pouco explorado pelo setor.
A importância do BIM
Com a evolução das ferramentas tecnológicas, podemos afirmar, nos dias atuais, que a implementação BIM (Building Information Modeling), se faz presente, o que representa uma evolução dos processos convencionais (CAD), nas práticas de concepção, produção, gestão e entrega de projetos arquitetônicos e execução de obras, como também uma revolução, tanto no mercado como também no ensino e práticas de engenharia e arquitetura.
Portanto é de extrema importância formar profissionais especialistas em BIM com habilidades e competências para atuar com esta nova plataforma e poder então encabeçar esse processo de transformação na indústria da construção civil.
Ferramentas BIM mais utilizadas
Revit: programa da Autodesk, trata-se de um software pago, com opção de avaliação; capaz de importar, exportar e vincular dados de outros softwares nos formatos (IFC, DWG™ e o DGN) e de gerar visualizações 3D.
ArchiCAD: programa pago – com licença especial para estudantes -, usado normalmente na projeção, documentação e colaboração em projetos de obras; capaz de gerar excelentes renderizações.
Autodesk BIM 360: solução para conexão de informações em nuvem, com diversas aplicações para gestão de documentos e tarefas, e integração com os documentos Revit, CAD e Navisworks para uma compreensão ampla de projetos.
Navisworks: solução para BIM 5D, fazendo compilação de informações registradas e geração de orçamentos.
Synchro 4D: solução para integração de modelos com cronogramas, com acompanhamento em tempo real de impactos de cada mudança de projeto.
A construção digital da edificação
Trazendo de uma forma ainda mais clara, uma boa analogia para explicar o processo da Metodologia BIM é dizer que estamos construindo virtualmente o prédio inteiro no computador antes de ser mexida a primeira pá de terra no terreno.
Assim como ocorre na prática, todas as disciplinas de projeto ficam integradas e “sobrepostas”. Dessa forma, conseguimos uma boa visualização de problemas com antecedência, para discutir soluções de projeto entre os especialistas.
Assim podemos, aos poucos, acabar com a cultura do “isso eles resolvem na obra”. Resolvendo de forma antecipada, reduz custos, otimiza o tempo de execução e garante a melhor decisão técnica para os problemas.
Isso tudo pois, agora, ao invés de representarem objetos construtivos como linhas, eles se tornam geometrias tridimensionais com informações atreladas a eles. O software de modelagem entende elas como uma janela, uma parede de alvenaria, um bloco estrutural e assim por diante.
E na esfera das informações, é possível inserir o custo de um bloco representado, sua condutividade térmica, seu isolamento acústico e diversas outras informações. Assim, é possível criar simulações no modelo, para gerar análises que antes não eram possíveis no Cad.
Modelo BIM de uma central de Água | Fonte: BIM na Prática - Engenharia 360/Reprodução.
Edificações inteligentes
Dando alguns passos à frente das possibilidades iniciais do BIM, é interessante trazer uma analogia:
Pense no carro como um paralelo de uma obra, mesmo os carros mais antigos possuem indicadores que mostram os níveis de combustível e velocímetro.
Mas os carros mais modernos já indicam os níveis de fluido de óleo, freio, pressões de pneus, consumo em tempo real e funcionamento de peças mecânicas do motor também.
Nota-se que mesmo que o usuário não tenha conhecimentos de mecânica, ele saberá operar e realizar as manutenções do carro baseado nos apontamentos feitos pelo sistema.
Analogamente, o mesmo serviria para uma construção inteligente. Em um futuro com o BIM disseminado e avançado, será possível:
Os brises aberturas se adequassem às suas necessidades de luz e energia em um determinado momento do dia automaticamente;
O sistema de elevadores informasse quando uma manutenção é necessária;
Os extintores de incêndio alertassem sobre seus próprios prazos de validade;
Os geradores informarem sobre sua queda de desempenho frente ao consumo de energia das máquinas de refrigeração;
Leitores de temperatura trazerem dados para avaliar a queda de isolamento térmico dos materiais, na medida que envelhecem.
Na prática, essas opções “futuristas” já são possíveis, porém ainda pouco disseminadas e com isso com preço elevado. Mas com a metodologia BIM e seus bancos de dados evoluindo, em poucos anos isso pode se tornar realidade comum no Brasil.
Fonte: