Obras de restauro de Notre Dame avançam e estudantes reconstroem cobertura com técnicas medievais



Obras de restauro de Notre Dame avançam e estudantes reconstroem cobertura com técnicas medievais
(via Shutterstock. Image By Manuel Esteban - ArchDaily/Reprodução)


Com ainda três anos para os Jogos Olímpicos de 2024 em Paris e a data de reabertura anunciada pelo presidente francês Emanuel Macron, o trabalho de restauração de Notre Dame continua. 


Após uma longa fase de segurança e meses de interrupção das obras no ano passado devido à pandemia, toda a madeira queimada do telhado foi removida e andaimes foram instalados dentro da catedral. Como parte dos esforços coletivos para reconstruir Notre Dame, a Catholic University of America está construindo uma réplica de uma das treliças da cobertura da catedral usando técnicas medievais.


Após um complexo processo de consolidação e reforço da estrutura da catedral, o trabalho de restauração está marcado para iniciar ainda em 2021. Após a remoção dos destroços, a catedral foi reforçada com estruturas auxiliares de madeira e correias para estabilizar os contrafortes. Os especialistas estão agora desenvolvendo o melhor curso de ação para a restauração dos interiores.


(via Shutterstock. ImageBy UlyssePixe - ArchDaily/Reprodução)



As réplicas da cobertura e da torre da igreja serão construídas com centenas de carvalhos colhidos em diferentes regiões da França. De acordo com Jean-Louis Georgelin, líder do projeto, há a possibilidade de se reabrir a catedral a tempo para os Jogos Olímpicos de 2024, mas as obras de restauração ocorrerão por muito mais tempo após essa data. 


A Escola de Arquitetura e Planejamento da Catholic University of America e a organização sem fins lucrativos Handhouse Studio estão atualmente desenvolvendo um workshop em Washington DC, onde um grupo de carpinteiros, alunos e professores está reconstruindo uma réplica em tamanho real de uma das treliças de Notre Dame a partir de técnicas medievais. 


Descrito pela equipe como "um gesto de solidariedade global em homenagem à importância do patrimônio cultural", o projeto explora tecnologias de construção do passado e oferece a oportunidade para uma compreensão mais profunda do patrimônio de Notre Dame.


(© Francoi Mori/AP - ArchDaily/Reprodução)




Os segredos de Notre Dame revelados após incêndio que destruiu a catedral


No dia 15 de abril de 2019, a Catedral de Notre Dame, um dos templos católicos mais famosos do mundo, pegou fogo. Por horas, a catedral de 850 anos ficou em chamas até o teto e sua torre central icônica desabarem.


"Como todos os nossos compatriotas, estou triste ao ver que esta parte de nós está pegando fogo", lamentou o presidente Emmanuel Macron na época. As chamas entristeceram não apenas a França, mas todos que veem esse templo gótico como uma obra-prima da arte e da arquitetura.


Todos os anos, Notre Dame recebia 13 milhões de visitantes. Construída entre 1163 e 1345 na Île de la Cité, a Notre Dame de Paris é uma das mais antigas catedrais góticas e a terceira maior do mundo, depois das de Colônia (Alemanha) e Milão (Itália).


No entanto, em decorrência do incêndio, as áreas da igreja que nunca eram acessadas foram expostas. Especialistas em estruturas, materiais e produtos químicos, por exemplo, passam a ter acesso a cofres que antes não podiam ser explorados, disse à BBC News Mundo Aline Magnien, diretora do Laboratório de Pesquisa em Monumentos Históricos (LRMH, por sua sigla em francês) — a entidade do governo francês que lidera a reconstrução de Notre Dame.



As cinzas da "floresta"


Um dos maiores tesouros arquitetônicos consumidos pelo incêndio de Notre Dame foi a chamada "floresta" no telhado da igreja. Essa "floresta" era uma imensa estrutura de 100 metros de comprimento, 13 de largura e 10 de altura, que formava uma espécie de sótão.


Cerca de 1.300 vigas de madeira foram usadas em sua construção, cada uma proveniente de uma árvore diferente.


A floresta era uma estrutura construída com 1.300 vigas de carvalho (Foto: BBC/Reprodução)



Estima-se que algumas dessas árvores tivessem entre 300 e 400 anos.


Parte desse sótão virou cinzas e o outro ficou carbonizado no chão, mas ainda é um tesouro de informações para os pesquisadores. Com a ajuda de robôs, peças de madeira em estados diferentes de carbonização são coletadas e catalogadas.


A torre central da catedral de Notre Dame despencou durante o incêndio (Foto: BBC/Reprodução)



Chumbo no ar


O teto da catedral que cobria a "floresta" foi construído no século 19 e tinha uma película protetora feita de chumbo, um material altamente tóxico.


Após o incêndio, surgiram temores entre os parisienses de que o vapor de chumbo se espalharia e poluiria o ar em bairros próximos, onde existem várias escolas.


Em estudos posteriores, os pesquisadores da LRMH concluíram que as chamas não atingiram 1.700° C, que é a temperatura na qual o chumbo evapora. "A análise de oxigênio e carbono nos anéis (dos troncos) nos permite determinar a temperatura e a quantidade de chuva ao longo do tempo", diz Regert.


A maior parte do chumbo derreteu a uma temperatura mais baixa — cerca de 300°C — e escorreu por canaletas, formando estalactites que agora são vistas penduradas nos cofres, disse Aurélia Azéma, química metalúrgica do LRMH, à revista Science.


Mas Azéma e seus colegas também afirmam que em algumas áreas a temperatura do incêndio passou de 600°C, um ponto em que o chumbo se oxida em uma espécie de aerossol.


"É como se fosse um spray de cabelo", diz Azéma. Uma nuvem amarela vista sobre a catedral durante o incêndio levou à conclusão de que pelo menos parte do chumbo havia se misturado ao ar.



Fontes:

- ArchDaily Brasil

- BBC



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