Ponte de Madeira no Resort Gulou Waterfront / LUO studio. Foto: © Weiqi Jin - ArchDaily Brasil/Reprodução
No atual cenário de uma crise climática, pensar um projeto de arquitetura sem definir diretrizes ecológicas tornou-se praticamente inadmissível. Um dos principais emissores de gás carbônico e outros poluentes, o setor da construção civil busca cada vez mais por novos caminhos e formas que possam tornar as obras mais sustentáveis e, de alguma forma, mitigar os danos ao meio ambiente. Pensar em materiais ecológicos pode ser um dos passos fundamentais, mas, afinal, quais são eles?
Por definição, um material para ser considerado ecológico deve seguir algumas características gerais como: ser fabricado com uma matéria-prima que se renove rapidamente, ou que ela seja reciclável, biodegradável ou suscetível de conversão em carbono; sua coleta, extração e fabricação devem ser feitas localmente, evitando trânsitos distantes; seus insumos devem ser cultivados ou recolhidos organicamente ou de maneira sustentável, e devem estar livres de toxinas; e que sejam duráveis, de fácil manutenção e facilitem sua reutilização.
Abaixo, conheça alguns dos materiais que cumprem com esses requisitos:
Adobe e Taipa
Composto por terra crua, água, palha e, em alguns casos, outras fibras naturais, o adobe é uma uma técnica milenar utilizada em todo o mundo. Trata-se de um material de baixo impacto que é produzido manualmente, não usa combustíveis fósseis em sua produção e não há gasto de energia para sua queima.
Logo, o tradicional material permite que seu entulho seja devolvido diretamente para a terra. Outras vantagens estão em seu baixo custo, facilidade de produção e execução.
Refúgio "Ruta del Peregrino" / Luis Aldrete. Foto: © Francisco Perez - ArchDaily Brasil/Reprodução
Ao adotar o material é necessário se atentar principalmente a uma compreensão profunda do clima e do local em que a estrutura será construída, pois ele não é adequado para áreas sísmicas e não deve ser exposto a grandes quantidades de chuva, sendo necessário pensar a proteção de suas superfícies perante as águas pluviais ou a grandes volumes de escoamento.
Por terem materiais similares, muitas pessoas podem confundir o adobe com a taipa, a principal diferença está na técnica adotada para conceber o produto. Enquanto o primeiro é um tijolo cozido ao sol e seu processo construtivo segue a forma de alvenaria, a segunda, normalmente, consiste em dois painéis paralelos de madeira ou chapas de compensado, preenchidos com uma camada de terra úmida.
Após a adição desta pequena camada, ela é comprimida em cerca de metade do seu volume original por um socador pneumático. Esse processo é repetido iterativamente até que a estrutura seja preenchida com terra compactada, permitindo que a madeira seja removida e uma parede de terra batida autoportante permaneça.
Casa na Caverna em Plateau Loess / hyperSity Architects. Foto cortesia de hiperSity Architects - ArchDaily Brasil/Reprodução
Bambu
Se projetássemos um material de construção ideal, ele se pareceria com o bambu. A planta milenar usada amplamente no sudoeste asiático, torna-se cada vez mais popular em outros territórios por suas características e benefícios que abrangem o baixo custo, fácil manejo e pouca quantidade de energia para seu preparo. O material que captura e estoca gás carbônico demonstrou em testes laboratoriais que atinge capacidades estruturais impressionantes. Sua resistência à compressão equivale à do concreto, enquanto que à tração atinge os números do aço.
Micro Renovação de Parque Urbano / Atelier cnS + School of Architecture, South China University of Technology. Foto: © Siming Wu - ArchDaily Brasil/Reprodução
Mas é necessário lembrar que tudo isso pode variar de acordo com a espécie, que são mais de 1500 e crescem naturalmente em quase todos os continentes, sobretudo nas regiões com temperaturas mais altas. Além disso, sua instalação necessita uma mão-de-obra minimamente qualificada, deve receber um tratamento adequado para proteção de pestes, assim como não deve estar em contato direto com o solo ou a chuva.
Pavilhão de Bambu / DnA_Design and Architecture. Foto: © Zhou Ruogu/Savoye Photographer- ArchDaily Brasil/Reprodução
Madeira plantada ou certificada
Muitas pessoas ainda se perguntam: usar madeira na arquitetura é sustentável? Por ser material renovável, portanto, ela é uma possibilidade de construir sem maiores danos ao meio ambiente desde que sua taxa de extração permita a recomposição da floresta e mantenha todo o ciclo sustentável. Para garantir isso, existem diferentes selos que verificam a madeira e garantem sua qualidade, como o FSC – Forest Stewarship Council (Conselho de Manejo Florestal) e o Sistema de Certificação Florestal Brasileiro do INMETRO (Cerflor).
Escola Concept / Triptyque Architecture. Foto: © Fran Parente - ArchDaily Brasil/Reprodução
Um já tradicional material de construção, a madeira é capaz de armazenar cerca de uma tonelada de dióxido de carbono em cada metro cúbico. Além disso, seu fácil manuseio permite que o canteiro de obras seja mais eficaz, diminuindo o tempo da construção e consumindo menos energia para a construção das estruturas.
Sauna Malabar / Bela Gebara Arquitetura. Foto: © Rodrigo Pacheco- ArchDaily Brasil/Reprodução
Tijolos ecológicos
Conhecidos como blocos de terra comprimida, os tijolos ecológicos são modulares e podem ser utilizados para fins estruturais - substituindo outros materiais mais danosos ao meio ambiente, como o concreto. Eles são compostos de solo e cimento e a cura é feita com água, ou seja, não precisam de nenhum tipo de queima. Pela textura apresentada podem ser mantidos em suas formas aparentes, tornando os revestimentos desnecessários.
Fábrica Biotrends / Rede Arquitetos. Foto: © Igor Ribeiro - ArchDaily Brasil/Reprodução
Ao adotá-lo há uma economia de 70% do concreto e argamassa, e 50% de aço, na obra. Seus benefícios, em geral, reduzem o tempo de construção em 30% em relação ao de alvenaria tradicional, torna o canteiro mais limpo uma vez que reduz os resíduos da obra e, por fim, podem ter a tubulação embutida em seus furos.
Residência GSM / OTP arquitetura. Foto: © Guilherme PucciResidência GSM / OTP arquitetura. Foto: © Guilherme Pucci - ArchDaily Brasil/Reprodução
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