Quem pensa que uma obra deveria ter um cronograma, está errado



Quem pensa que uma obra deveria ter um cronograma, está errado

Professor Heron Santos


Este erro eu também cometi, sempre pensei que uma obra deveria ter o seu cronograma detalhado logo no início do empreendimento, e lutava para que isso fosse possível.


Porém, a cada obra trabalhada, descobria que algo não estava correto e, pensando no ciclo PDCA, refletia e buscava os motivos dos cronogramas sofrerem tantas modificações e aqueles verdadeiros “elefantes” serem abandonados pelas pessoas que conduziam a execução da obra.


Descobri que existem dois motivos pelos quais aqueles fracassos de planejamento estavam ocorrendo:


  • O primeiro motivo é que uma obra não tem UM cronograma, ela deve ter 3 (TRÊS) cronogramas (podendo chegar a 4). Esse novo modo de planejar foi descrito pelo LCI (Lean Construction Institut) no início dos anos 2000, através da publicação do Last Planner System(LPS), lançando as bases de um novo sistema de planejamento.


O sistema LPS envolve ações começando com uma visão de um cronograma cobrindo o projeto inteiro, sendo este primeiro cronograma muito pouco detalhado e, hoje, a maioria das construtoras utilizam o modelo de linhas de balanço, seguido por um cronograma detalhado da fase emergente do planejamento colaborativo (normalmente um espaço temporal de 2 a 3 meses); e, por último, o desenvolvimento do plano de trabalho semanal e, quando da execução deste, a execução da medição do percentual do plano concluído (PPC), que consiste no percentual de tarefas concluídas no planejamento semanal em relação ao total de tarefas presentes neste.


O aumento do PPC leva ao aumento do desempenho, não apenas da unidade de produção que executa o Plano de Trabalho Semanal, mas também das unidades de produção a jusante, através de um planejamento melhor de seus trabalhos. A implementação do último planejador, portanto, resulta em um fluxo mais confiável e maior rendimento do sistema de produção (LCI, 2007).


Resumindo, o LPS trabalha com diferentes níveis hierárquicos (Longo, Médio e Curto prazo), e com objetivos diferentes para cada um desses horizontes temporais. Primeiramente, no planejamento a longo prazo, são estabelecidos os principais produtos do empreendimento, podendo servir para a elaboração do orçamento do projeto. 


Em seguida, são identificadas e removidas as restrições para a execução das atividades que são necessárias para a entrega desses produtos, sendo este o principal objetivo do planejamento de médio prazo. Por fim, no planejamento de curto prazo são estabelecidos os compromissos para a execução das tarefas. Na Figura abaixo, observa-se o relacionamento dos diferentes níveis hierárquicos do LPS:



No início da próxima semana, publicarei o outro motivo dos fracassos do planejamento de obras. Acompanhe.




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