20 empresas produzem 55% do lixo plástico do mundo



20 empresas produzem 55% do lixo plástico do mundo
(Foto: Plastic Pollution Coalition | Flickr - Ciclo Vivo/Reprodução)

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Novo relatório aponta quem produz o plástico descartável que usamos no dia a dia e quais instituições financeiras financiam e viabilizam a produção.


Falar da crise global de plásticos é, por vezes, um assunto abstrato. Apesar do problema ser reconhecido, a responsabilização sobre os grandes geradores de resíduos plásticos é praticamente nula. O Brasil, por exemplo, é o quarto maior gerador de lixo plástico no mundo, porém recicla apenas 1,28% do plástico que produz. 


Mas, como cobrar por ações sem apontar nomes? Uma nova análise buscou revelar a origem e a verdadeira escala do problema. O resultado mostra que apenas 20 empresas – apoiadas por um pequeno grupo de financiadores – são responsáveis ​​pela produção de mais de 50% do plástico descartável que acaba no lixo em todo o mundo. 


Intitulado “Plastic Waste Makers Index”, o relatório aponta que um pequeno grupo de empresas petroquímicas que fabricam “polímeros” – o alicerce dos plásticos – é revelado como a fonte da crise. Tais polímeros se transformam em plásticos descartáveis, que, após curto tempo de uso, vão parar nos aterros e oceanos.


Os pesquisadores analisaram a cadeia de suprimentos de plásticos, de ponta a ponta. “Nós desenterramos uma trilha de papel com evidências que rastreiam polímeros plásticos conforme eles saem das fábricas, acompanhando-os conforme eles são comercializados em todo o mundo e convertidos em plásticos descartáveis, e onde eles são finalmente usados e jogados fora”, diz um trecho do relatório.


ExxonMobil e Dow – ambas com sede nos EUA – encabeçam a lista, seguidas pela Sinopec, com sede na China. As três empresas em conjunto respondem por 16% da produção global de polímeros destinados a resíduos plásticos de uso único. O Brasil tem destaque no “Top 10” com a empresa Braskem, produtora de resinas termoplásticas.



(Imagem: Ciclo Vivo/Reprodução)


Ao todo, foi apontado que 100 produtores de polímeros descartáveis são responsáveis por mais de 90% de todos os resíduos plásticos globais.


Os pesquisadores denunciam que quase todas as companhias apontadas “defendem a sustentabilidade da boca para fora” enquanto elabora planos de aumentar a capacidade de produção de plástico virgem ao invés de reduzir. 


Além dos produtores, o documento estima que 20 dos maiores bancos do mundo, liderados pelo Barclays, HSBC e Bank of America, tenham emprestado quase US$ 30 bilhões para a produção de polímero plástico descartável desde 2011.


O relatório também aponta que 20 gestores de ativos institucionais, liderados por Vanguard Group, BlackRock e Capital Group, detêm mais de US$ 300 bilhões em ações nas empresas controladoras de produtores de polímeros plásticos descartáveis. 


Um pequeno número de gestores de ativos institucionais e bancos globais estão fornecendo bilhões de dólares para empresas que produzem polímeros a partir de combustíveis fósseis e apenas uma fração para empresas que tentam mudar para uma economia de plástico circular. Essa assimetria precisa ser revertida com urgência”, alerta o relatório.


A análise ainda mostra quais países são os maiores contribuintes para a crise do plástico descartável. A Austrália lidera a lista dos que mais geram resíduos plásticos descartáveis per capita. Foram 59 quilos de plástico por pessoa em 2019. 


No total, o estudo afirma que 130 milhões de toneladas métricas de plástico descartável acabaram como resíduos em 2019 – quase todos queimados, enterrados em aterros ou descartados diretamente no meio ambiente. Somente 10% a 15% do plástico descartável é reciclado globalmente a cada ano.


O relatório é fruto da iniciativa No Plastic Waste da Fundação Minderoo, que visa estimular uma economia verdadeiramente circular, onde os combustíveis fósseis não são mais usados ​​para produzir plásticos. O trabalho teve várias parcerias, entre elas com as instituições Wood Mackenzie, London School of Economics e Stockholm Environment Institute.


A Fundação Minderoo, autora do relatório, pede que as empresas petroquímicas sejam obrigadas a divulgarem a “pegada de resíduos de plástico” e se comprometam a fazer a transição dos combustíveis fósseis para modelos circulares de produção de plástico. Aos bancos e investidores, a recomendação é transferir capital, investimentos e finanças de empresas que produzem plástico virgem baseado em combustível fóssil para empresas que usam matérias-primas de plástico reciclado.



Volume de plásticos nos oceanos pode triplicar em 20 anos



(Foto: Tanvi Sharma | Unsplash - Ciclo Vivo/Reprodução)


Atualmente, mais de 11 milhões de toneladas de plástico fluem para o oceano a cada ano.


Estudo realizado pelo Boston Consulting Group (BCG) em parceria com a organização ambiental WWF e a entidade filantrópica Ellen MacArthur Foundation revela que o volume global de plástico que entra no oceano deve triplicar nos próximos 20 anos. 


Atualmente, mais de 11 milhões de toneladas de plástico fluem para o oceano a cada ano e, apesar do crescimento de iniciativas voluntárias e regulamentações nacionais para combater a poluição por plásticos, não há sinais de que as taxas de vazamento estejam diminuindo.


De acordo com a pesquisa, o plástico é visto como o material mais prejudicial ao meio ambiente usado para itens de bens de consumo, com 65% dos consumidores globais associando-o com a poluição do oceano e 57% considerando-o prejudicial. 


Os dados ainda indicam que a pandemia reforçou a intenção de reduzir a poluição e o desperdício de plástico. Junto com as mudanças de comportamento pessoal, os consumidores também solicitam resposta de organizações públicas e privadas para liderar esse processo.


O estudo aponta que a produção global de plástico aumentou para mais de 450 milhões de toneladas em 2018 e, com base no crescimento atual, a projeção é que o volume triplique até 2050. O plástico tem baixos custos de produção e propriedades que o torna um excelente material para uma ampla gama de aplicações, inclusive para bens de consumo de movimento rápido. 


Ele também trouxe o benefício de proteger a saúde humana durante crises críticas, como a pandemia de coronavírus, ao atender a critérios de descartabilidade e higiene. No setor de saúde, por exemplo, o uso único de luvas cirúrgicas e seringas reduziram os riscos de infecções.


Fontes:

- Ciclo Vivo

- Ciclo Vivo



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