(Foto: Alex de Jesus/ Portal O Tempo/Reprodução)
A
barragem da Mina do Gongo Soco,
localizada em Barão de Cocais, em Minas
Gerais pode romper a qualquer momento. O talude norte, espécie de paredão
que compõe a estrutura da área de mineração, está prestes a cair e o impacto
pode abalar a estabilidade da barragem, localizada a 1,5km de distância.
Se romper, a lama de rejeitos deve atingir o centro da cidade em 1 hora e 12 minutos. A Defesa
Civil do estado está promovendo simulados de fuga para que os moradores possam
estar preparados para o evento.
Em nota, a Vale, disse que “está reforçando o nível de
alerta e prontidão para o caso extremo de rompimento. A cava e a barragem são
monitoradas 24h por dia”.
A Agência Nacional de Mineração informou na última
segunda-feira (20) que o rompimento do talude do complexo da Mina de Gongo Soco
deve acontecer até o próximo sábado.
A barragem é do mesmo tipo da que se rompeu em Brumadinho, em 25 de janeiro
deste ano.
Conforme a agência, que interditou o complexo na última
sexta-feira (17), o talude norte da cava de Gongo Soco estava se deslocando 10 cm por ano desde 2012, um deslocamento
aceitável se considerada a dimensão da estrutura.
Em nota, a assessoria da agência de mineração informou que
desde o fim de abril a velocidade do deslocamento do talude da barragem vem
aumentando 5 cm por dia. E, se a
aceleração continuar, o rompimento pode ocorrer até o 25 deste mês. Mas a
própria agência confirmou que no último domingo o deslocamento já havia
atingido 7 cm por dia.
O estrago que o rompimento da barragem da Mina de Gongo
Soco pode causar na região de Barão de Cocais poderá ser ainda maior do que o previsto no relatório apresentado pela
Vale, empresa responsável pela mina.
O alerta é do Grupo Política, Economia, Mineração, Ambiente
e Sociedade, composto por pesquisadores e alunos com formações diversas, que se
utiliza de conhecimentos econômicos, geográficos, sociológicos e de políticas
públicas para analisar e avaliar os impactos que as redes de produção
associadas à indústria extrativa mineral geram para a sociedade e para o meio
ambiente.
Segundo o Engenheiro do grupo Bruno Milanez, as projeções
apresentadas no relatório da Vale subestimaram
a capacidade destrutiva da onda, por não levar em consideração o aumento de
sua densidade por conta dos objetos de médio e grande porte que seriam
arrastados ao longo do percurso.
MP
entra com ação
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou, nesta
quarta-feira (22), que pediu na Justiça para a Vale adotar medidas de proteção ao patrimônio cultural em Barão de Cocais, na
Região Central do estado.
Na ação, ainda é pedido que a Justiça obrigue a Vale a
informar sobre perspectivas de alcançar
a estabilidade das estruturas e se há possibilidade da população retirada
de casa retornar aos imóveis.
Além disso, o MP quer que a empresa mapeie todo o
patrimônio cultural da área de inundação, obtenha
as qualificações dos proprietários desses bens, registre documentos, faça o
registro digital da Igreja de Nossa Senhora Mãe Augusta do Socorro (Capela do
Socorro) e resgate as indumentárias vinculadas às festividades.
Ainda deve ser feito um
plano de resgate do acervo da Capeta do Socorro, do Cine Rex, da Igreja
Matriz de São João Batista, da Igreja Nossa Senhora da Conceição, da Igreja do
Rosário e do Memorial Affonso Pena.
Barragens
e reservatórios
As
barragens são as estruturas físicas que represam um curso de água. Já os reservatórios são o acúmulo de água resultante da construção
dessas barragens pelo ser humano.
A lei nº 12.334/2010 distribui a competência pela segurança
das barragens conforme o seu uso, sem prejuízo das ações fiscalizatórias dos
órgãos ambientais:
USO |
INSTITUIÇÃO FISCALIZADORA |
Acumulação de água |
A mesma que outorgou o direito de uso dos recursos hídricos |
Hidroeletricidade |
A mesma que concedeu ou autorizou o uso do potencial hidráulico |
Disposição final ou temporária de rejeitos minerais |
A mesma que outorgou os direitos minerários |
Disposição de resíduos industriais |
A mesma que forneceu a licença ambiental de instalação e operação |
A Agência Nacional de Águas (ANA) define as regras de operação dos reservatórios do
país e monitora, por meio do acompanhamento do nível da água, das
vazões diárias de afluentes (o volume de água que entra por dia no
reservatório) e defluentes (o volume de água que sai).
Mensalmente, são preparados boletins de monitoramento dos
principais reservatórios do Brasil. Acesse esses boletins na Sala de Situação.
O Sistema de Acompanhamento de Reservatórios
(SAR) é outra ferramenta usada pela ANA, que permite acompanhar
dados sobre a operação de alguns dos principais reservatórios do país, como os
do Nordeste brasileiro.
Sala
de Situação
Inaugurada em 2009, a Sala de Situação da Agência Nacional
de Águas (ANA) monitora e analisa a
evolução das chuvas, dos níveis e da vazão dos principais rios, reservatórios e
bacias hidrográficas. Todas as informações são compartilhadas por meio de
boletins e de sistemas de monitoramento, servindo de suporte para a decisão das
autoridades responsáveis pela gestão de eventos hidrológicos críticos no País.
Assim, a ANA participa do planejamento e promove ações
destinadas à prevenção e redução dos efeitos das secas e inundações no Brasil.
Vulnerabilidade
a inundações - Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos:
O Brasil tem hoje quase 200 barragens de mineração com potencial de dano considerado alto –
mesma classificação da barragem 1 da mineradora Vale no Córrego do Feijão, em
Brumadinho (MG). Os dados são da Agência Nacional de Mineração (ANM).
A ANM tem 2 categorias de classificação de barragens:
·
Dano
potencial – refere-se ao que pode acontecer em caso de rompimento ou
mau funcionamento de uma barragem – ele leva em conta as perdas de vidas
humanas e impactos sociais, econômicos e ambientais.
·
Risco –
refere-se a aspectos que possam influenciar na possibilidade de ocorrência de
acidente.
Com base nessas características, a ANM classifica as
barragens de mineração em uma escala que vai de A a E.
A estrutura que se rompeu em Brumadinho era considerada de risco baixo, mas de alto potencial de dano,
portanto classificada como B – a mesma nota de outras 196 barragens
cadastradas pela ANM. Apenas duas possuem classificação A, ou seja, são
consideradas mais perigosas.
A maior parte das barragens entre as que têm nota B possui
uma característica em comum com a de Brumadinho: baixo risco, mas alto potencial de dano associado. Essa é a
situação de 181 barragens – incluindo a que se rompeu.
Minas
Gerais é o estado que mais tem barragens com potencial de dano considerado alto.
Entre as quase 200 catalogadas pela ANM, 132
estão lá.
A Vale e suas subsidiárias têm 59 barragens classificadas
como de alto potencial de dano – incluindo as de Brumadinho.
Sistema
Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens – SNISB
O Sistema
Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens - SNISB
constitui-se como um cadastro
consolidado de informações sobre barragens, cuja inserção dos dados está
sob a responsabilidade de cada entidade ou órgão fiscalizador de segurança de
barragens no Brasil.
Seu objetivo é registrar
as condições de segurança de barragens em todo o território nacional, dispondo
de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações de barragens
em diferentes fases de vida (construção, operação ou desativadas), para
diferentes usos e com diversas características técnicas. Trata-se de um
instrumento da Política Nacional de Segurança de Barragens, estabelecida pela
Lei nº 12.334/2010. As diretrizes para atuação do SNISB foram dispostas na
Resolução CNRH nº 144/2012.
No primeiro momento o foco do SNISB são barragens com informações mínimas necessárias à
gestão da segurança, como altura, volume e empreendedor identificado por
meio de ato de autorização de cada entidade ou órgão fiscalizador de sua
segurança.
Os empreendedores
das barragens são os responsáveis legais pela segurança da
barragem, e devem manter atualizadas as informações relativas às suas barragens
junto à respectiva entidade fiscalizadora.
Mapa
Interativo das Barragens Cadastradas no Sistema
Mapa
contendo dados das barragens inseridas no SNISB pelas entidades fiscalizadoras:
Fontes:
- MP
entra com ação para Vale proteger patrimônio cultural de Barão de Cocais, na
Região Central
- Barragem
da Vale em Barão de Cocais pode romper a qualquer hora
- Mapa
Interativo das Barragens Cadastradas no Sistema
- Gráficos e
Relatório de Barragens Cadastradas no Sistema
- Sistema Nacional de
Informações sobre Segurança de Barragens – SNISB
- Barragem
da Vale em Gongo Soco, Minas Gerais, pode se romper no sábado