Colunas "estouram" e prédio residencial corre risco de desabar em Fortaleza; entenda importância da Engenharia Diagnóstica



Colunas "estouram" e prédio residencial corre risco de desabar em Fortaleza; entenda importância da Engenharia Diagnóstica
(Foto: Diário do Nordeste/Reprodução)
 

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE) deve preparar, ainda nesta segunda-feira (3), um documento que inicia as investigações sobre o desabamento parcial de um prédio ocorrido no sábado (1º), no bairro Maraponga, em Fortaleza.

 

O prédio residencial teve a estrutura comprometida após a ruptura de algumas colunas de sustentação. Com o afundamento dos pilotis, como são conhecidos os pilares, o prédio ficou inclinado e teve as paredes rachadas, correndo risco de desabar a qualquer momento. Não houve feridos.

 

Segundo informações do Corpo de Bombeiros, todos os moradores do imóvel de quatro andares tiveram de ser retirados e 12 casas que ficam próximo ao edifício foram evacuadas. Cerca de 16 famílias foram removidas dos apartamentos.

 


(Foto: Diário do Nordeste/Reprodução)
 

Segundo o Engenheiro e presidente do Crea-CE, Emanuel Maia Mota, o documento será elaborado por uma comissão que deve ver os históricos de possíveis visitas de Engenheiros ao local.

 

"Nós vamos apontar os Engenheiros responsáveis pela construção de qualquer intervenção de Engenharia que acontecido no decorrer desses anos e preparar um documento através de uma comissão para que ele sirva de subsídio às investigações, às perícias, enfim, a todo trâmite necessário para o esclarecimento do caso".

 

De acordo com Emanuel Maia Mota, ainda é cedo para apontar possíveis causas do acidente.

 

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Um edifício residencial corre o risco de cair após a estrutura de colunas de sustentação terem cedido na tarde deste sábado (1º), no bairro Maraponga, em Fortaleza. O prédio chegou a desabar parcialmente e ficou com a estrutura comprometida. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, 16 famílias foram removidas dos apartamentos do prédio de quatro andares localizado na Travessa Campo Grande. Cerca de 12 casas que ficam próximo ao prédio tiveram de ser evacuadas. A Defesa Civil do Município de Fortaleza informou que enviou duas equipes do Núcleo de Ações Emergenciais ao local para realizar uma vistoria e isolar a área, além de dar apoio às famílias. De acordo com Silvia Leite, da Defesa Civil, cestas básicas e colchonetes foram enviados para as famílias. (Vídeo: VC Repórter) #desabamento #fortaleza #bombeiros #defesacivil #maraponga #Metro #DiáriodoNordeste #dn

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Risco estrutural apontado

 

(Foto: Diário do Nordeste/Reprodução)
 

O risco estrutural de prédio já havia sido apontado pela Defesa Civil. A informação de que uma vistoria já havia sido realizada - seis dias antes - no prédio que desabou parcialmente foi confirmada pela Defesa Civil por meio de nota. Segundo o órgão, o aviso foi dado aos moradores.

 

"A Defesa Civil de Fortaleza esteve no prédio por duas vezes e, no momento em que o agente constatou risco de desabamento, orientou os moradores a buscarem o serviço de um Engenheiro para que ele avaliasse a estrutura do edifício", diz o comunicado.

 

Até o momento, não se sabe exatamente qual o motivo do desabamento ou quais providências deverão ser tomadas para evitar uma nova ocorrência. Enquanto isso, moradores do edifício e vizinhos estão alojados nas casas de familiares ou abrigos, e o proprietário não concedeu informações sobre a construção e manutenção do local.

  


Engenharia Diagnóstica: o que é e qual a sua importância?

 

A situação do prédio residencial em Fortaleza reforça a importância da conscientização sobre a atividade da Engenharia Diagnóstica, conhecida como o “checkup” das edificações e que pode, para efeito de esclarecimentos, ser comparada com a Medicina.

 

Neste caso, o trabalho do Engenheiro Civil especializado pode ser comparado ao de um clínico geral – sim, assim como o corpo humano, as edificações também precisam manter um estado saudável para o seu correto desempenho. Neste “checkup” o profissional de Engenharia, assim como na atividade médica, analisa e avalia o corpo do edifício e seus diversos componentes construtivos como sendo o seu “paciente”.

 

Ainda em comparação com a Medicina, assim como esta, a Engenharia Diagnóstica também inclui diversas etapas: o registro, a análise, o atestado, o diagnóstico e a prescrição.

 

Estas etapas constituem as 5 ferramentas da Engenharia Diagnóstica e são usualmente classificadas de acordo com a progressividade, ou seja: a vistoria registra a condição do imóvel, a inspeção a analisa, a auditoria atesta eventuais desconformidades, a perícia diagnostica os problemas encontrados e a consultoria prescreve as soluções para os mesmos.

 

 

Ferramenta 1: Vistoria

 

A vistoria técnica dá-se através da inspeção tátil-visual das condições aparentes da edificação, podendo contar, eventualmente, com o uso de alguns equipamentos e ferramentas não invasivas. Ou seja, não é capaz de detectar vícios, defeitos ou anomalias ocultas.

 

Dentro do escopo da vistoria enquadra-se a constatação e registro em laudo técnico das condições físicas aparentes da edificação, não englobando qualquer análise ou classificação das anomalias e falhas, nem exames ou testes para detecção de suas causas e origens, tampouco as recomendações técnicas para solução do problema.

 

 Desta forma, é indicada em especial para:

 

·         Atraso de obra: para edifícios ou imóveis que ainda estão em atraso quanto ao prazo de conclusão da obra e entrega aos proprietários.

 

·         Conclusão e entrega de obra: para edifícios ou imóveis que estão sendo entregues pela construtora aos proprietários.

 

·         Acionamento de garantia: para edifícios em fase de garantia (até 5 anos).

 

·         Venda e locação de imóvel: na comercialização ou locação de apartamentos, lojas, casas, salas comerciais, etc.

  

Ferramenta 2: Inspeção

 


(Foto: Diário do Nordeste/Reprodução)
 

A Inspeção Predial é feita de forma preventiva nas edificações, diminuindo o risco de acidentes prediais, auxiliando no direcionamento de investimentos em reparos e reformas e adequando o plano de manutenção às reais necessidades do edifício.

 

O trabalho de inspeção, assim como a vistoria, possui caráter tátil-visual e não emprega ensaios tecnológicos para sua realização de forma que não são levantadas as causas e origens das anomalias e falhas constatadas nem prescritas soluções para as mesmas.

 

A inspeção registra e analisa os problemas construtivos existentes em um imóvel em uso, classificando-os de acordo com o grau de risco e determinando uma ordem de reparos e intervenções adequada para que os problemas mais graves sejam corrigidos com prioridade e os demais de acordo com o orçamento disponível.

 

Seu principal objetivo é avaliar e identificar o estado geral da edificação e de seus sistemas construtivos, analisando seus aspectos de desempenho, funcionalidade, vida útil, segurança, estado de conservação e manutenção, utilização e operação.

 

O recomendado é que seja realizada de forma periódica nos edifícios como forma de prevenção de suas boas condições através de um adequado plano de manutenção.

 

 

Ferramenta 3: Auditoria

 

O trabalho de auditoria possui natureza tipicamente comparativa, dando-se através da constatação da real situação e condição do imóvel ou edifício para compará-las aos projetos comercializados, às normas técnicas e legislações vigentes, aos critérios de qualidade e boas práticas de construção, entre outros.

 

Desta forma, tem como foco atestar ou não a conformidade da edificação quanto às expectativas e exigências de seus usuários.

 

É recomendada especialmente para:

 

·         Conclusão e entrega de obra: para edifícios ou imóveis que estão sendo entregues pela construtora aos proprietários.

 

·         Acionamento de garantia: para edifícios em fase de garantia (até 5 anos).

 

·         Edificações em uso: para a manutenção e conservação de edifícios.

  

 

Ferramenta 4: Perícia

 

A perícia trata-se de uma análise mais completa e detalhada se comparada aos trabalhos de vistoria, inspeção ou auditoria.

 

Seu escopo inclui a execução de testes, exames e ensaios tecnológicos para a investigação e determinação das causas e origens de eventuais anomalias e falhas nas edificações. Possibilita, assim, um diagnóstico preciso e completo dos problemas construtivos existentes de forma a evitar retrabalhos, gastos desnecessários e mitigar o ressurgimento do problema – problemas estes ligados a deficiência no diagnóstico das falhas.

 

O trabalho de perícia é empregado com evidente sucesso na determinação das responsabilidades pelas falhas e anomalias estudadas. Além disso, é amplamente utilizado nos processos de reparos, recuperações e reforços nas edificações.

  

 

Ferramenta 5: Consultoria

 

Trata-se do trabalho de maior complexidade. Da mesma forma que ocorre na perícia, a consultoria determina as causas e origens das falhas e anomalias de uma edificação através de estudo técnico minucioso utilizando ensaios e testes tecnológicos como artifício.

 

No entanto, vai além do escopo da perícia, prescrevendo as recomendações técnicas para solução do problema.

 

Em termos práticos, além de diagnosticar o problema construtivo, prescreve para o gestor ou usuários da edificação a forma tecnicamente adequada de solucioná-lo.

 

Desta forma, é altamente recomendada para a correção dos problemas construtivos de uma edificação ou imóvel.

 

 

Desabamentos que chocaram o Brasil

 

Do Palace II ao prédio em construção que matou 10 operários em São Paulo, o Terra selecionou casos de desabamentos que abalaram o País. Veja:

 

 

A tragédia do Palace II no Rio mata 8 pessoas

 


(Foto: AP/Reprodução)

Na madrugada do dia 22 de fevereiro de 1998, uma coluna de apartamentos do edifício residencial Palace II desabou na Barra da Tijuca, área nobre do Rio de Janeiro. Oito pessoas morreram no desmoronamento, que deixou 150 famílias desabrigadas. Dois dias depois, a prefeitura anunciou a implosão do prédio de 22 andares, após a constatação de falhas estruturais.

 

Um laudo criminal detectou pedaços de madeira, sacos de cimento, jornal e plástico junto ao concreto de pilares do Palace 2, e um parecer técnico da Justiça fluminense também acusou erros na execução do projeto. Dois dias antes da implosão houve um segundo desabamento, cerca de 30 minutos após a divulgação de um laudo técnico que recomendava que os moradores voltassem ao edifício para recuperar seus bens. Felizmente, ninguém se feriu.

 

 

Teto de igreja desaba e mata 22 pessoas em SP

 


(Foto: José Cordeiro/Agência Estado/Reprodução)
 

Durante uma vigília de fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, 22 pessoas morreram e mais de 400 ficaram feridas após o desabamento do teto de um templo no centro de Osasco (SP), na madrugada do dia 5 de setembro de 1998. O acidente ocorreu por volta das 2h, quando cerca de 1,5 mil fiéis estavam dentro da construção de cerca de 40 anos, onde antes funcionava um cinema.

 

Perícia realizada pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil concluiu que o acidente ocorreu em virtude da inadequada manutenção das peças de madeira e da má conservação da estrutura.

  


Nove morrem em templo de igreja



(Foto: Paulo Liebert/Agência EstadoReprodução)

 

Nove pessoas morreram e outras 106 ficaram feridas após o desabamento do teto de um templo da igreja evangélica Renascer em Cristo, no bairro Vila Mariana, em São Paulo, em janeiro de 2009. Cerca de 400 pessoas estavam no prédio no momento do acidente, enquanto aguardavam o começo de um culto no local.

 

Considerada a segunda maior neopentecostal brasileira, a igreja foi fundada em São Paulo, em 1986, por Estevam e Sônia Hernandes. O casal foi preso em 2007, nos Estados Unidos, por entrar no país com dólares não declarados.

  

Shopping tem 2 desabamentos em menos de 1 mês

 


(Foto: Marcelo Pereira/Terra/Reprodução)

 

O shopping SP Market, na zona sul de São Paulo, foi palco de dois desabamentos em um período de menos de um mês em 2009. No fim de outubro daquele ano, quatro pessoas ficaram feridas após a queda de uma laje em obras de ampliação do shopping. Em novembro, durante um forte temporal, parte do teto do estabelecimento comercial desabou, deixando outros oito feridos.

 

Devido aos desabamentos, o shopping foi interditado. Segundo a administração do shopping, os desabamentos não tiveram relação entre si, já que ocorreram em pontos isolados do prédio. Menos de uma semana após a interdição, o centro comercial foi autorizado a reabrir.

  


Prédio em obras cai sobre casa e mata 3 na Bahia

 


(Foto: Margarida Neide/Agência A Tarde/Futura Press/Reprodução)

 

Em julho de 2010, três pessoas morreram após o desabamento de um prédio em construção sobre uma residência em Salvador (BA). A empresa Marques e Lima Construções Ltda., responsável pela construção do prédio de sete andares, não tinha alvará para executar a obra, segundo a Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom).

 

As três vítimas fatais estavam na casa soterrada pelo prédio. Além delas, duas crianças ocupavam a residência e foram encontradas com vida sob os escombros. O edifício estava na fase final de sua construção, praticamente pronto para ser entregue aos compradores dos seus 28 apartamentos (quatro por andar, a um preço R$ 90 mil por unidade).

  


Em 2010, Rio chorava morte de 5 em desabamento

 


(Foto: Alex Ribeiro/Futura Press/Reprodução)

 

Pouco mais de um ano antes do desabamento de três prédios no centro do Rio de Janeiro, a capital fluminense chorava por uma tragédia semelhante, ocorrida no mesmo bairro. No dia 30 de outubro de 2010, um prédio de três andares desabou na rua Laura de Araújo, na região central do Rio, matando quatro pessoas. Outras 15 vítimas foram resgatadas dos escombros com vida - um dos sobreviventes, entretanto, acabou morrendo no hospital, dias depois, em decorrência dos ferimentos.

 

Moradores relataram que, horas antes do desabamento, o prédio apresentou rachaduras, seguidas por estalos na estrutura do edifício. Mais de 100 pessoas ficaram desabrigadas com o acidente.

 

 

Construção de 30 andares desaba e mata 3

 

(Foto: Tamara Saré/Futura Press/Reprodução)
 

Em fevereiro de 2011, três pessoas morreram soterradas no desabamento de um edifício de alto padrão em construção em Belém (PA). O prédio Real Classic estava em obras havia mais de dois anos e teria mais de 30 andares.

 

As vítimas foram identificadas como o operário Manuel Raimundo da Paixão Monteiro, 36 anos, José Paula Barros, 60 anos, e a aposentada Maria Raimunda Fonseca dos Santos, 67 anos, moradora de uma residência vizinha que foi atingida pelos escombros do edifício.

  


Piso de 21º andar cede e mata 3 em Goiás

 


(Foto: Ricardo Rafael/O Popular/Futura Press/Reprodução)

 

Três operários que trabalhavam na construção de um prédio no setor Celina Park, na região sudoeste de Goiânia (GO), morreram após o desabamento de uma laje, em setembro de 2011. Segundo o Corpo de Bombeiros, o acidente ocorreu quando o piso entre o 20º e o 21º andares cedeu.

 

Das vítimas fatais, duas morreram devido à queda e a outra foi esmagada pela laje. Outros cinco operários sofreram ferimentos graves.

 

 

Prédios vizinhos desabam no centro do Rio

 


(Foto: Reuters/Reprodução)

 

Na noite do dia 25 de janeiro de 2012, três prédios desabaram no centro do Rio de Janeiro. Um deles tinha 20 andares e ficava situado na avenida Treze de Maio; outro tinha 10 andares e ficava na rua Manuel de Carvalho; e o terceiro, também na Manuel de Carvalho, era uma construção anexa ao Theatro Municipal. Pelo menos cinco pessoas morreram.

 

Com o acidente, a prefeitura do Rio de Janeiro interditou várias ruas da região. No metrô, as estações Cinelândia, Carioca, Uruguaiana e Presidente Vargas foram interditadas na noite dos desabamentos, mas foram liberadas após inspeção e funcionam normalmente. O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) apontou que havia obras irregulares no maior edifício. Um especialista do conselho afirmou que o prédio teria caído de cima para abaixo e acabou levando os outros dois ao lado. De acordo com ele, todas as possibilidades para a tragédia apontam para problemas estruturais no imóvel de 20 andares.


 

Fontes:

- Desabamentos que chocaram o Brasil

- Moradores de prédio que desabou parcialmente e corre risco de cair em Fortaleza relatam como escaparam sem ferimentos

- Parte de edifício desaba e prédio tem risco de cair em Fortaleza

- Defesa Civil esteve em prédio seis dias antes do imóvel desabar parcialmente em Fortaleza, mas não interditou o edifício

- Crea-CE prepara documento para investigar causas de desabamento na Maraponga

- Moradores relatam o pavor ao deixar prédio antes de desabamento na Maraponga

- Colunas "estouram" e prédio residencial corre risco de desabar na Maraponga

- Engenharia Diagnóstica: o que é e qual a sua importância?

   

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