Construindo Cidades Verdes: Estratégias para um Planejamento Urbano Sustentável



Construindo Cidades Verdes: Estratégias para um Planejamento Urbano Sustentável

Cidades verdes são cidades sustentáveis, projetadas com respeito ao meio ambiente, atuação economicamente viável e socialmente justa. Elas também são conhecidas como cidades inteligentes. Isso porque investem na melhoria da qualidade de vida da população e na busca pela eficiência dos serviços de maneira sustentável.



O que são cidades verdes?


O conceito engloba os pilares da sustentabilidade, em que recursos ambientais, sociais e econômicos devem ser preservados para não prejudicar as futuras gerações. Desse modo, as cidades seriam capazes de suportar as atividades exercidas e ao mesmo tempo manter a qualidade de vida dos habitantes.


As cidades verdes são locais onde as pessoas querem viver e trabalhar, agora e no futuro. Elas atendem as necessidades dos residentes, integram-se bem ao meio ambiente e contribuem com uma elevada qualidade de vida. Para atingir essas características, é necessário a implementação de segurança, inclusão, bom planejamento, igualdade e serviços para todos.




Degradação ambiental


A degradação ambiental causada por diversas atividades urbanas gera a necessidade de repensarmos hábitos e formas com as quais lidamos com o uso do espaço. Em todo o mundo, as cidades cresceram de maneira desordenada ocasionando diversos problemas. Alguns problemas incluem enchentes, poluição, desmatamento, desigualdades sociais, ocupação de habitações em áreas de risco e desemprego.


A poluição nas cidades representa uma séria ameaça à saúde pública. Muitas não possuem sistemas de esgoto e estações de tratamento adequadas. Isso resulta em enormes volumes de dejetos humanos e efluentes industriais que são diariamente descarregados no meio ambiente.


Os projetos de cidades verdes procuram minimizar ou resolver todas essas questões. Áreas com desenvolvimento inteligente e sustentável, uso da terra, sistemas de transporte, energia, água, gerenciamento de resíduos, educação e políticas públicas devem estar integradas para oferecer melhores condições de vida para os habitantes da cidade.


Avançar no desenvolvimento sustentável significa fazer um uso mais racional de nossos recursos naturais. Como exemplo, podemos aderir o consumo de energias renováveis, a redução de poluentes e contaminantes e a proteção ambiental. É necessário que haja investimento público e privado constante para prover iniciativas sustentáveis e melhor distribuição de renda. Uma cidade verde também deve ser uma cidade mais justa para seus habitantes. Para isso, o lado social deve ser mais equilibrado. Deve acontecer uma melhora na qualidade de vida, acesso à saúde e criação de oportunidades de educação e emprego.



Como o saneamento básico contribui para isso?


Por causa das graves consequências causadas pelo crescimento urbano desordenado, é importante que as cidades, independentemente do seu porte, adotem planejamentos que tenham como principal referência o desenvolvimento sustentável.



Os conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade não são novos. Eles foram criados nos anos 70 e ganharam força a partir dos anos 90, principalmente com uma série de conferências organizadas pela ONU, em especial, a famosa RIO 92, que reuniu no Brasil diversos líderes mundiais para discutir o tema.


O desenvolvimento sustentável pode ser entendido como a capacidade de garantir as nossas necessidades atuais de consumo e sobrevivência sem que isso comprometa a existência das gerações futuras. Nesse sentido, é impossível separar o desenvolvimento urbano sustentável de sistemas eficientes de saneamento básico, tanto para garantir o abastecimento de água tratada com qualidade quanto para evitar os problemas causados pelo descarte inadequado do esgoto gerado por casas e indústrias.


No Brasil, o setor de saneamento enfrenta muitos desafios no caminho até a universalização do serviço. Os números mostram como a situação atual não é nada animadora, ainda que tenha melhorado nos últimos anos. Quando o assunto é esgoto tratado, apenas 55% dos brasileiros têm acesso ao serviço, o que deixa cerca de 100 milhões de brasileiros de fora, de acordo com o instituto Trata Brasil.


Além disso, entre as 100 maiores cidades do país, 36 delas têm menos de 60% da população com esgoto coletado e tratado, deixando-as longe do topo de qualquer ranking de saneamento. Os números relativos à água tratada são um pouco melhores, mas o contingente de excluídos também é considerável: 83% da população têm acesso a esse serviço, o que deixa de fora aproximadamente 35 milhões de brasileiros.


Para mudar esse cenário, é preciso investir em políticas de saneamento que funcionem e estejam inseridas no planejamento urbano sustentável das cidades. Desde 2007, vigora a Lei Nacional de Saneamento Básico. Em 2019, foi aprovado na Câmara dos Deputados o texto do novo marco do saneamento, que define diretrizes para o oferecimento do serviço e facilita a elaboração de parcerias entre o setor público e a iniciativa privada para expandir o acesso à água e ao esgotamento sanitário.



O que caracteriza as cidades verdes ou cidades sustentáveis?


Para caminhar para uma cidade verde, projetos urbanísticos são repensados. As cidades são remodeladas para privilegiar escolhas de transporte não poluentes e que melhorem o trânsito, como a bicicleta e o pedestrianismo. Estratégias como o active design são empregadas e há estudo da walkability do local. Além disso, o ecodesign e a arquitetura são ferramentas importantes para a construção de edifícios verdes que promovam a sustentabilidade. A coleta de lixo também deve ser repensada para diminuir impactos ambientais. Da mesma forma, são necessárias medidas para aumentar o desenvolvimento social e econômico da região.


Em 2015, a Organização das Nações Unidas reconheceu a transformação de cidades em cidades sustentáveis como um de seus planos na ação para o Desenvolvimento Sustentável.



São Paulo é um exemplo de cidade que perdeu áreas verdes e espaços livres em consequência do processo de urbanização acelerado. Jardinagem urbana e design urbano são alternativas para criar novos espaços verdes na cidade, oferecer segurança alimentar e atividades de lazer para pessoas de diferentes gerações.


Cidades verdes devem incluir espaços verdes – literalmente. A vegetação é fundamental para o suprimento de água, energia, para a melhoria da saúde pública e a resiliência frente às mudanças climáticas.


As cidades devem ser adaptadas às condições naturais do local que estão inseridas. Isso acontece a partir de estratégias no uso da vegetação urbana e nos arredores para garantir abundância de água, energia e qualidade de vida. Dessa forma, há a diminuição de danos causados por eventos climáticos extremos e deficiências crônicas na infraestrutura originadas da urbanização sem planejamento.


A ideia é que as cidades verdes promovam o equilíbrio entre a cidade moderna e a paisagem natural. Assim, elas oferecem o melhor dos dois mundos, mesmo diante dos cenários de intensa urbanização e mudanças climáticas.



Caso do Brasil


Atualmente, 90% da população brasileira vive em núcleos urbanos. Boa parte desses núcleos tem vegetação em constante conflito com as estruturas e dinâmicas urbanas, possui baixa capacidade de serviços ambientais e qualidade de vida insuficiente. A escassez hídrica de 2014 e 2015 no sudeste evidenciou a vulnerabilidade dos atuais sistemas urbanos e sua desconexão com a realidade natural do território brasileiro.


Ao observar esse quadro, percebemos a necessidade de implementar políticas públicas para tornar as cidades social e ambientalmente mais sustentáveis e reparar a deterioração das condições de vida. Para garantir que ações sejam duradouras, é preciso pensar em algumas medidas, como:


  • quadros legislativos, regulamentos, portarias ou normas;

  • políticas sociais e estratégias setoriais;

  • quadros institucionais e processos de tomada de decisão.


Ou seja, sistemas que garantam uma gestão eficiente, transparente e responsável. Não dá para pensar em cidades verdes sem questionar o sistema político e econômico.



Como promover uma cidade mais verde e sustentável?


As estratégias para atingir uma cidade verde dependem do contexto social, histórico e natural da região e do país em que elas estão inseridas. Em países mais desenvolvidos, usualmente as iniciativas estão ligadas ao planejamento urbano com arquitetura de alta tecnologia, indústrias de circuito fechado que não produzem resíduos, entre outras. Contudo, em países em desenvolvimento, o caminho pode começar pela garantia de segurança alimentar, trabalho e renda decente. Além disso, é necessário um meio ambiente limpo e uma governança que pense em todos os cidadãos. Entre essas soluções destaca-se também a horticultura urbana e periurbana.


Uma iniciativa não exclui a outra, mas cada país tem suas prioridades. Isso deve ser levado em consideração na hora de planejar cidades mais verdes.


O conceito de cidades verdes, resilientes, autossuficientes e sustentáveis, é muito complexo e contempla uma transformação na gestão da vida moderna. Contudo, devemos lembrar que ela é gradual e envolve o governo, iniciativa privada e todos nós. As cidades verdes demandam uma verdadeira mudança de comportamento.


Como dizia o grande arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer: “Não basta fazer uma cidade moderna. É preciso mudar a sociedade”. As cidades são um produto de seus habitantes e seus governantes. Com ambos atores trabalhando juntos, todas as cidades podem tornar-se sustentáveis.


A mudança começa no nosso comportamento. Alguns exemplos incluem:


  • utilizar sacolas retornáveis;

  • consumir produtos feitos localmente;

  • reduzir o consumo excessivo de recursos;

  • repensar sua forma de transporte e de descartar seus resíduos.


Todas essas atitudes podem contribuir para que as cidades sejam cada vez mais verdes.



Características da Cidade Sustentável


Uma cidade para ser considerada sustentável deve:


  • Destinar corretamente e reaproveitar resíduos sólidos;

  • Oferecer água de qualidade sem esgotar mananciais;

  • Reaproveitar a água da chuva;

  • Criar e utilizar de fontes de energia renováveis;

  • Ofertar transporte alternativo e de qualidade para a população;

  • Garantir opções de cultura e lazer.


Hoje, segundo pesquisadores, economistas e gestores, não há nenhuma cidade no mundo que seja totalmente sustentável. No entanto, vejamos como as cidades podem tornar estas ideias em realidade.



Exemplos de Cidades Sustentáveis


Segundo um estudo realizado pela consultora holandesa Arcadis, em 2017, estas são as dez cidades do mundo que mais cumprem quesitos para serem consideradas cidades sustentáveis:


  • Zurique, Suíça

  • Cingapura

  • Estocolmo, Suécia

  • Viena, Áustria

  • Londres, Inglaterra

  • Frankfurt, Alemanha

  • Seul, Coreia do Sul

  • Hamburgo, Alemanha

  • Praga, República Checa

  • Munique, Alemanha



Cidades Sustentáveis no Brasil


No Brasil, o município de Curitiba, capital do Paraná é o exemplo que mais se aproxima do conceito de cidade sustentável. O plano diretor de Curitiba, que faz dela hoje uma cidade sustentável, começou a ser aplicado em 1970.


Focado no transporte, gestão de resíduos e qualidade de vida, a cidade transformou seu design urbano para torná-lo adequado ao crescimento populacional.


Veja a lista de cidades sustentáveis no Brasil:


  • Curitiba/PR

  • Londrina/PR

  • João Pessoa/PB

  • Paragominas/MG

  • Santana do Parnaíba/SP

  • Extrema/MG



O que fazer para colaborar com o desenvolvimento sustentável das cidades?


Para fazer a sua parte e contribuir com cidades melhores para as próximas gerações, basta fazer algumas escolhas no seu dia a dia que vão beneficiar tanto a rotina da sua família quanto da sua comunidade.



Troque o carro pela bicicleta ou por transporte coletivo



Se sua rotina permitir, opte por deixar o carro na garagem. Dessa forma, você descobre novas formas de se locomover pelas cidade e ainda colabora para a melhoria da mobilidade urbana. Outros benefícios são a redução na poluição e a chance de se exercitar, caso escolha ir a pé ou de bicicleta!



Compre de pequenos produtores


Além de ajudar pequenos negócios, você fortalece a economia local e contribui para uma rede de consumo mais sustentável. Afinal, quanto menos etapas um produto passa no seu processo produção, menor é a emissão de poluição gerada na cadeia produtiva.



Valorize parques e atividades ao ar livre



Aproveite as áreas verdes da sua cidade, seja só ou com a família. Seja um membro ativo na comunidade e atue, direta ou indiretamente, na manutenção e na preservação desses espaços. Que tal reunir um grupo de vizinhos e amigos para dividir as tarefas? Usar os parques para ensinar preservação ambiental para as crianças também é uma boa ideia.



Separe o lixo e incentive a reciclagem



Ao diminuir a nossa geração de lixo, contribuímos para a preservação do meio ambiente e evitamos a sobrecarga de aterros sanitários e lixões a céu aberto. Assim, separar o lixo conforme com o tipo de material e encaminhá-lo para cooperativas de reciclagem, ou ainda fazer a reutilização de itens, são ações que contribuem para o aumento da vida útil dos bens de consumo



Fontes:

- BRK Ambiental 

- Toda Matéria

- eCycle



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