Governança Corporativa em Projetos de Construção: A Integração com ESG e a Evolução no Setor



Governança Corporativa em Projetos de Construção: A Integração com ESG e a Evolução no Setor

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A governança corporativa é um conceito fundamental no gerenciamento de empresas e organizações, mas sua aplicação em projetos de construção tem se mostrado um fator essencial para garantir o sucesso e a sustentabilidade no setor. Este conceito, que engloba práticas de gestão e controle das empresas com o objetivo de criar um ambiente ético, transparente e eficiente, tem se tornado cada vez mais relevante, especialmente com a crescente preocupação global com os temas ambientais, sociais e de governança — coletivamente conhecidos como ESG (Environmental, Social and Governance). 


Neste artigo, exploraremos a importância da governança corporativa em projetos de construção, o histórico dessa prática no setor, exemplos de boas práticas, e como ela está intrinsecamente ligada aos princípios do ESG.



O Histórico da Governança Corporativa em Projetos de Construção


A governança corporativa tem suas raízes em um contexto mais amplo de gestão empresarial, com as primeiras discussões sobre governança ocorrendo no início do século XX. No entanto, foi na década de 1990, com os escândalos de empresas como a Enron, que o termo ganhou destaque e passou a ser incorporado de forma mais robusta às práticas de gestão das empresas. Para o setor da construção, que é naturalmente propenso a riscos, complexidade de gestão e alta exposição a questões regulatórias e ambientais, a adoção de práticas de governança corporativa tem sido um diferencial estratégico.


Historicamente, os projetos de construção foram geridos de maneira mais fragmentada, com pouca integração entre os diversos stakeholders, como construtoras, empreiteiras, investidores e órgãos públicos. No entanto, com o aumento da complexidade das obras e o desenvolvimento de novos modelos de negócios, as práticas de governança começaram a ser incorporadas, com o objetivo de melhorar a transparência, a gestão de riscos e a eficiência operacional.


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Nos últimos anos, especialmente após a crise financeira de 2008 e o escândalo da Petrobras no Brasil, surgiram novas regulamentações e uma maior demanda por práticas de governança mais rígidas em diversos setores, incluindo o da construção civil. A necessidade de uma gestão mais responsável, focada na transparência e na ética, levou muitas empresas do setor a implementarem estruturas de governança mais robustas, com maior envolvimento de conselhos de administração, auditorias independentes, e práticas de compliance.



Contextos Atuais e Desafios da Governança Corporativa no Setor da Construção


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O setor da construção é um dos mais relevantes para a economia global, com investimentos significativos em infraestrutura, edificações e urbanização. No entanto, ele enfrenta uma série de desafios que tornam a implementação eficaz da governança corporativa particularmente difícil, entre os quais se destacam:


  • Complexidade nos processos e múltiplos stakeholders: A gestão de um projeto de construção envolve uma rede extensa de colaboradores, fornecedores, subcontratados, reguladores e investidores. Isso exige um sistema de governança que possa coordenar esses múltiplos interesses de maneira eficiente.


  • Riscos e imprevistos: A construção de grandes obras está frequentemente sujeita a imprevistos como mudanças nos custos de materiais, atrasos na entrega de insumos, questões ambientais ou problemas trabalhistas. Uma boa governança é fundamental para mitigar esses riscos.


  • Corrupção e falta de transparência: O setor de construção tem sido historicamente vulnerável a casos de corrupção, subornos e práticas fraudulentas, especialmente em grandes contratos públicos. Implementar práticas de governança que garantam a transparência e a ética nas relações comerciais é crucial para restaurar a confiança na indústria.


  • Sustentabilidade e inovação: O setor da construção também enfrenta desafios relacionados à sustentabilidade e à inovação. Desde o uso de materiais ecologicamente corretos até a necessidade de obras mais eficientes do ponto de vista energético, a governança corporativa moderna exige que as empresas adotem práticas responsáveis e inovadoras.




Governança Corporativa e ESG no Setor de Construção


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Nos últimos anos, a governança corporativa tem se relacionado cada vez mais com as práticas de ESG (Environmental, Social, and Governance). As empresas do setor de construção estão sendo pressionadas não apenas a gerenciar seus negócios de maneira ética e eficiente, mas também a assumir responsabilidades sociais e ambientais mais amplas. O conceito de ESG envolve a avaliação do impacto de uma empresa em três dimensões principais:


  • Ambiental (E): Refere-se à responsabilidade ambiental das empresas, como o uso sustentável de recursos naturais, a gestão de resíduos e o impacto das suas atividades sobre o meio ambiente. No setor de construção, isso envolve a adoção de práticas de construção sustentável, como o uso de materiais recicláveis e a implementação de tecnologias verdes.


  • Social (S): Refere-se à responsabilidade social das empresas em relação às comunidades e seus colaboradores. Isso inclui garantir boas condições de trabalho, promover a diversidade e inclusão, e colaborar com as comunidades locais para minimizar os impactos sociais dos projetos.


  • Governança (G): Refere-se à maneira como a empresa é gerida, com foco na transparência, no combate à corrupção e na criação de um ambiente ético e eficiente. Uma boa governança corporativa é essencial para garantir que a empresa cumpra suas obrigações legais e morais, e que todas as partes envolvidas no projeto sejam tratadas com justiça.



Exemplos de Integração de ESG com Governança Corporativa


A integração das práticas de governança com os princípios ESG pode ser observada em diversas empresas do setor de construção. Por exemplo, a Acciona, uma das maiores empresas de construção e infraestrutura da Espanha, adota uma abordagem que alia governança robusta com ações focadas no meio ambiente e na responsabilidade social. A empresa é reconhecida por seu compromisso com a sustentabilidade, com a implementação de projetos de energia renovável e a utilização de tecnologias para reduzir o impacto ambiental das suas obras.


Da mesma forma, a Brookfield Properties, no mercado norte-americano, tem integrado práticas de governança focadas na transparência e no controle financeiro com ações ambientais e sociais. A empresa tem investido em edifícios sustentáveis e em práticas de gestão que minimizam o desperdício e promovem a eficiência energética.



Conclusão


A governança corporativa em projetos de construção é um fator chave para garantir a transparência, a eficiência e a sustentabilidade no setor. À medida que os projetos se tornam mais complexos e os desafios aumentam, as empresas precisam adotar práticas de governança sólidas para mitigar riscos, melhorar sua imagem institucional e atender às expectativas de stakeholders cada vez mais exigentes.


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Além disso, a integração com os princípios ESG se tornou uma prioridade não apenas para empresas do setor privado, mas também para governos e instituições financeiras, que veem na governança responsável uma forma de garantir a criação de um futuro mais sustentável e ético para todos. O setor da construção, ao adotar boas práticas de governança corporativa e alinhamento com os princípios ESG, pode não apenas melhorar sua performance financeira, mas também contribuir para um mundo mais justo e sustentável.