Hidrogênio verde: UFC assina protocolo de intenções com empresa chinesa de energia



Hidrogênio verde: UFC assina protocolo de intenções com empresa chinesa de energia
Projetos de aerogeradores offshore estão no radar da parceria entre a UFC e a empresa chinesa (Foto: Divulgação/Mingyang Smart Energy)


A Universidade Federal do Ceará assinou protocolo de intenções com uma empresa chinesa no âmbito das articulações para a instalação do hub de hidrogênio verde no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), localizado a 60 quilômetros de Fortaleza. 


O documento foi assinado no dia 19 de setembro, tendo como instituição parceira a companhia de energia Mingyang Smart Energy. A ideia é desenvolver atividades conjuntas na área de energia eólica.


O protocolo de intenções (documento que também é conhecido como memorando de entendimento) prevê a visita de professores e estudantes da UFC às plantas de produção da empresa, na China, no intuito de identificar linhas de pesquisa e desenvolvimento que possam ser implantadas na Universidade.


Nesse sentido, serão planejadas as seguintes atividades: estágio na fábrica ou centro de pesquisa da Mingyang; condução de projetos de pesquisa conjuntos com a UFC e a Universidade de Nankai; desenvolvimento de um projeto-piloto offshore (no mar), localizado no Pecém, que servirá de plataforma para um programa de pesquisa conjunta; intercâmbio de integrantes da empresa Mingyang e de professores, pesquisadores e estudantes da UFC. 


Ficou estabelecido, ainda, que a UFC receberá, como professor visitante, o presidente da Mingyang, Zhang Qiying, que deverá participar de palestras e seminários sobre energia eólica.


De acordo com o protocolo, que é válido por cinco anos, poderão ser desenvolvidas ainda outras atividades que promovam a execução de projetos de interesse mútuo.


Na avaliação do reitor Cândido Albuquerque, o hidrogênio verde é algo que atualmente está na fronteira do conhecimento e precisa ser cada vez mais pesquisado, sendo uma das grandes apostas, por exemplo, no processo de substituição de combustíveis fósseis


Nesse sentido, o dirigente vê bastante potencial na parceria com instituições da China, já que o país asiático é uma das maiores potências mundiais em diversas áreas do conhecimento.


O hidrogênio verde é obtido através de um processo químico chamado eletrólise, com uso de fontes renováveis de energia, como a eólica (Foto: Divulgação/Mingyang Smart Energy)


"Queremos trazer, para dentro da UFC, as condições para que possamos desenvolver a tecnologia do hidrogênio verde. Já temos os ingredientes: sol e vento. Agora, precisamos trazer esse conhecimento para a Universidade, a fim de que nossos professores, pesquisadores, alunos e servidores técnico-administrativos possam participar da produção dessa nova tecnologia", diz o reitor, frisando que a ideia é tornar a UFC uma referência nacional e internacional em hidrogênio verde.


O pró-reitor de Relações Internacionais e Desenvolvimento Institucional, Prof. Augusto Albuquerque, diz que a expectativa é que esse seja o primeiro de muitos protocolos que serão assinados pela Universidade com vistas à atração de desenvolvimento de pesquisas e novas tecnologias em hidrogênio verde. "O tema está em grande efervescência em nível global, e muitos aperfeiçoamentos e melhorias são demandados em toda a cadeia de produção, transporte e aplicação. Diante disso, se descortina um horizonte de muitas oportunidades para nossos pesquisadores", destaca.


"O memorando de entendimento assinado com a Mingyang foi importante para a UFC, uma vez que proporcionará a participação dos pesquisadores e profissionais dos departamentos de Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica e de Engenharia Estrutural e Construção Civil nos projetos de aerogeradores offshore", acrescenta o diretor do Parque Tecnológico da UFC, Prof. Fernando Nunes. Segundo ele, o intercâmbio de professores e estudantes é um dos pontos mais positivos do acordo.


A UFC é parceira do poder público e da iniciativa privada em um projeto que pretende tornar o Ceará um hub de hidrogênio verde (Foto: Divulgação)



Na última sexta-feira (1º), uma comitiva da UFC, liderada pelo reitor, viajou à Espanha. Entre os compromissos estão visitas a instalações de produção de hidrogênio e à Universidade Complutense de Madrid.


CONTEXTO – Desde o anúncio do programa de instalação do hub de hidrogênio verde no Estado do Ceará, a UFC vem sendo procurada por empresas de geração de energia. No início de setembro, a Universidade recebeu a visita de representantes de uma multinacional francesa para discutir projetos na área.


Também em setembro, a Universidade recebeu a visita de representantes de uma multinacional francesa para discutir projetos na área, em São José dos Campos, para prospectar parcerias na seara do hidrogênio verde.


SOBRE HIDROGÊNIO VERDE – Apesar de ser um elemento abundante na natureza, o hidrogênio não está disponível em estado puro. Ele é obtido através de um processo químico chamado eletrólise, com uso de fontes renováveis de energia, como a eólica e a solar. Quando ocorre a obtenção do hidrogênio por meio dessas energias limpas, sem emissão de carbono, ele ganha a denominação de "hidrogênio verde".



Hidrogênio verde pode movimentar US$ 20 bi por ano no Brasil até 2040, estima Air Products



Foto: Divulgação Complexo do Pecém



De acordo com Marcus Silva, diretor comercial da Air Products — fabricante americana de gases e líder mundial no suprimento de hidrogênio – o mercado interno de hidrogênio verde (H2V) no Brasil poderá movimentar até US$ 20 bilhões anuais até 2040.


A afirmação foi feita durante evento organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e pelo Consulado Geral da Noruega no Rio de Janeiro, na última quarta-feira (29).


Em termos de mercado de hidrogênio verde no Brasil, estimamos que antes de 2040 esse mercado estará na faixa de US$ 15 a US$ 20 bilhões por ano, e também vemos a oportunidade de exportar entre US$ 3 e US$ 5 bilhões por ano”, afirmou o executivo da Air.


A companhia, que já é responsável por mais 40% do market share global de hidrogênio cinza e azul (produzidos a partir de gás natural), agora espera produzir hidrogênio verde no Brasil. Segundo Marcus, o Nordeste brasileiro é o que apresenta as melhores condições para receber projetos de H2V.


Nós vemos Ceará, Rio Grande do Norte e Maranhão como os possíveis melhores candidatos para abrigar um projeto de hidrogênio verde (…) Também estamos olhando oportunidades no Rio de Janeiro e Espírito Santo”.


Com exceção do Maranhão, todos os estados citados já contam memorandos de entendimento para construção de unidades produtoras de H2V.


O executivo explica que os três estados do Nordeste possuem portos próximos a Roterdã — principal porto de entrada da Europa — e, além disso, contam com a possibilidade de transportar H2V via cabotagem para atender indústrias de aço localizadas no Sudeste.


Marcus também destacou a ferrovia que liga o Porto de Itaqui, no Maranhão, ao Pará, que possibilita o transporte de H2V para aplicação nas atividades de mineração no estado.



Parceria com a Noruega


Uma colaboração mais estreita entre empresas brasileiras e norueguesas pode acelerar nossos passos em direção a um futuro comum de baixa emissão e gerar novos empregos verdes inclusivos em ambos os nossos países”, destacou a cônsul da Noruega no Rio de Janeiro, Marianne Fosland.


A ambição do país nórdico é que em dez anos o hidrogênio seja uma alternativa real no setor marítimo assim como uma alternativa madura para a indústria.


Citando os projetos anunciados no Nordeste brasileiro, em especial o hub de hidrogênio do Ceará, Marianne diz que o Brasil está se posicionando rapidamente para aproveitar o potencial de geração renovável na produção de H2V e desenvolvimento do mercado.



Amônia azul para navegação


Jørg Aarnes, líder global de soluções de baixo carbono da norueguesa DNV vê no Brasil potencial para produção também de hidrogênio e amônia azul, para utilização como combustível marítimo.


Podemos ajudar o Brasil a se tornar um líder em hidrogênio e amônia azul”, disse.


Segundo o executivo, a Noruega é pioneira no desenvolvimento de transporte marítimo de baixo carbono, bateria, hidrogênio e amônia. E esta última será uma alternativa relevante para o transporte marítimo.


Já vimos que a amônia é um combustível para transporte marítimo que se tornará comercial em 2023 e 2024 e os primeiros navios estão em processo de construção”, lembrou.


Já para regiões onde já existem gasodutos, Aarnes defendeu que a reutilização e adaptação da infraestrutura de gás já existente será a maneira mais viável para transporte do hidrogênio.


O custo para utilizar pipelines já existentes é de 10% a 35% do custo para construir um novo pipeline”, explicou.



Fontes:

- Engenharia Compartilhada

Agência epbr



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