(Foto: Habitability - Reprodução)
O edifício de madeira da Sara Kulturhus, centro cultural na Suécia, ganha destaque pela altura e pela pegada sustentável
A conferência da COP26, realizada entre 1 e 12 de novembro de 2021 na cidade de Glasgow, destacou exemplos positivos de sustentabilidade. O Sara Kulturhus, centro cultural na Suécia, faz parte da lista e adota a madeira como principal insumo, inclusive, é inovador ao ser uma construção com 20 andares e 80 metros baseada no material. Na verdade, o centro cultural é o edifício de madeira mais alto do mundo.
O prédio também é uma espécie de homenagem à cidade sueca de Skelleftea, conhecida pela tradição em construções com madeira. O insumo foi o ponto de partida do escritório White Arkitekter, responsável pelo projeto, hoje uma vitrine de sustentabilidade, ao integrar hotel, teatro, museu, galeria de arte, biblioteca pública e centro de conferências nesse mesmo empreendimento.
Prédio de madeira mais alto do mundo usou reflorestamento
Finalizado em 2020, começou a ser projetado em 2016 com a meta de reduzir emissões de carbono, não só por incorporar a madeira como material protagonista, mas também pela operação do edifício em si.
A matéria prima principal veio de florestas boreais regionais da região, com o cultivo e a retirada controladas. O prédio tem fachada transparente com muitas entradas, o que, na avaliação dos seus idealizadores, “trabalham em conjunto para diminuir a soleira de entrada no edifício e para substituir a imagem de uma instituição cultural austera por um edifício aberto e acolhedor”.
A obra exigiu soluções inovadoras em construção de madeira sólida para lidar com vãos, flexibilidade e conforto acústico. O hotel, por exemplo, é construído com módulos de volume pré-fabricados de madeira laminada cruzada sólida (CLT), empilhados entre dois núcleos de elevação.
O projeto integrado permitiu que a estrutura de suporte de carga fosse construída inteiramente sem concreto, acelerando o tempo de construção. A mitigação das emissões acontece não pelo uso da madeira, mas também por iniciativas de eficiência energética. É o caso do uso de painéis solares e sistemas de energia eficientes, que contribuem para minimizar a pegada climática do empreendimento.
O centro cultural é apontado como pioneiro no uso de energia renovável, fornecendo energia limpa para seus vizinhos da área central da cidade de Skelleftea. Um exemplo é o sistema de sprinklers, que na maioria dos edifícios é normalmente movido a diesel, mas no Sara Kulturhus é movido por energia renovável.
As fontes energéticas do prédio incluem desde o aquecimento urbano até energia solar, tendo também uma bateria fabricada pela Northvolt. O compartilhamento de energia é outra característica.
Se houver um ônibus elétrico que precise ser recarregado na estação de ônibus ao lado do centro cultural, o empreendimento pode ser uma fonte: o sistema tecnicamente reduz o uso de aquecimento urbano, por exemplo, e alimenta as baterias de reserva, reduzindo custos, ao mesmo tempo em que se integra ao sistema de energia distribuída da cidade. Ser energeticamente eficiente também elimina os desperdícios, globalmente estimados em 30% no caso de prédios comerciais.
(Foto: Scandinavian Way - Reprodução)
O clima não é o único beneficiado. A construção em madeira parece ter um efeito positivo nos trabalhadores da construção. Enquanto um local de construção normal é um local barulhento e tóxico de fumaça e poeira, um local de madeira é uma imagem de serenidade.
Com todas essas paredes, tetos e pisos de madeira exposta, o lugar parece uma sauna gigantesca – com o aroma que combina. Mas olhe de perto e você verá que nem tudo é madeira. Grandes placas de aço são aparafusadas nas gigantescas paredes de compensado do quinto andar, revelando a presença de uma grande treliça de aço – usada para transferir o peso da torre para as paredes do centro cultural, possibilitando um espaço livre de colunas abaixo. O concreto também é usado nos dois andares superiores, para impedir que a torre balance muito com o vento.
De acordo com a rede de energia avançada da cidade (e de propriedade do município), o edifício usa inteligência artificial para monitorar o uso de energia e prever as necessidades de aquecimento, bem como se comunicar com os edifícios circundantes. O excesso de energia produzida pelos painéis solares pode ser enviado para o centro de viagens nas proximidades, por exemplo, ou economizado em baterias no porão.
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