(Foto: Cristiano Estrela/Revista Versar/Reprodução)
A “Origem”, primeiro
restaurante lixo zero do Brasil, nasceu do sonho de sustentabilidade
de três amigos, que colocaram em prática o negócio de um restaurante que cause o menor impacto possível na natureza. Com uma
equipe de cinco pessoas e ideias simples e inovadoras, a empresa se destaca na
área de consciência
ambiental.
Segundo o Instituto Lixo Zero Brasil, um
estabelecimento, para ser considerado lixo zero, deve produzir apenas 10% de rejeitos. Isso quer dizer que 90% ou mais de
todo o lixo produzido deve ser destinado corretamente.
O movimento Lixo Zero eclodiu nas redes sociais
principalmente depois da polêmica do uso
de canudos plásticos, que demoram mais de 500 anos para se decompor. Na
Origem, o canudo nunca chegou a ser utilizado, assim como nenhum outro descartável desse material.
(Foto: Cristiano Estrela/Revista Versar/Reprodução)
Tudo começou em outubro de 2016, quando os três sócios,
Arthur Ferreira dos Santos, Alexandra Lemos e Joana Wosgrau Câmara largaram
suas profissões para realizar o sonho de um empreendimento sustentável.
Inicialmente, o trabalho era só com
delivery e os pratos eram feitos na cozinha do apartamento de Arthur.
Os primeiros produtos produzidos pela Origem foram saladas no pote. Além de serem
saudáveis, elas têm um importante diferencial: os potes de vidro são retornáveis. A cada pote devolvido, o cliente
ganha 1 real de desconto.
Em agosto de 2017 a Origem passou a ter um espaço físico,
no bairro Santa Mônica, em Florianópolis. Para os sócios, ter um negócio
ecologicamente correto nunca foi algo discutido entre eles. “Nunca sentamos e pensamos
‘vamos ser lixo zero’. Era algo intrínseco, sempre foi assim. Simplesmente não faria sentido ser de outro jeito”,
comenta Alexandra.

(Foto: Desacato/Reprodução)
Outra iniciativa da empresa é o Projeto 1 por 1, em que a cada compra, R$1 é investido num projeto
social da cidade. Entre os projetos apoiados estão o É o Bicho, Casa Lar Emaús,
Cidades Invisíveis, Projeto Resgate e a Creche Vó Inácia.
Atualmente, os pedidos por delivery são feitos
majoritariamente pela empresa Pedivento, que faz as entregas de bicicleta. Nas
embalagens, além de potes e garrafas de vidro retornáveis, os talheres utilizados são biodegradáveis e os copos são de papel.
(Foto: Desacato/Reprodução)
Segundo Alexandra, o maior resíduo produzido pelo
restaurante é o lixo do banheiro, que
ainda não é compostado. Além disso, outro grande desafio é mudar o sistema
de entrega dos fornecedores que, em sua maioria, entregam produtos embalados em plástico, como os sacos de frango, tofu,
bandeja de cogumelos e plástico filme.
Lá, não são utilizadas sacolas plásticas para as entregas.
A sacola de papel pode ser devolvida
e reutilizada até que for possível, para aproveitar o máximo de recursos.

(Foto: Desacato/Reprodução)
Na cozinha, ao invés de utilizar uma esponja descartável, a
empresa optou por usar uma bucha feita
com restos de redes de pesca reciclados.

(Foto: Desacato/Reprodução)
Todo resíduo orgânico produzido é levado para a
compostagem, pela empresa Agroecológica, que faz a coleta no restaurante 2
vezes por semana. O lixo é reunido em
bombonas que permitem que os restos de alimentos sejam depositados sem a
necessidade de utilizar sacos plásticos.
Além de mandar seu próprio lixo para a compostagem, a
empresa resolveu engajar os moradores da
rua, criando o Projeto Semente.
(Foto: Desacato/Reprodução)
O sistema é simples: com dois pontos de coleta, um no
restaurante e outro no fim da rua, a empresa retira o lixo orgânico das bombonas e leva para compostar. O custo
de cada retirada de resíduo é de 15 reais por bombona, o que é feito 2 vezes
por semana.
Por semana, a Origem e os moradores da rua produzem cerca
de 63kg de lixo orgânico, que depois se
transforma em adubo, podendo ser utilizado em hortas domésticas, por
exemplo.
Abelhas,
Composteiras, Pancs e Lixo-Zero, o restaurante brasileiro que dá exemplo de
sustentabilidade
(Foto: Quintana/Reprodução)
Ser um bom chef de cozinha vai além de oferecer aos
clientes uma inesquecível experiência gastronômica. Cada vez mais as pessoas
associam a qualidade de um bom restaurante à excelência da comida oferecida, ao
atendimento e à origem dos produtos
utilizados no preparo dos pratos.
A chef Gabriela Carvalho, do restaurante Quintana, em Curitiba, é uma
profissional que pensa exatamente assim: o
preparo do prato começa antes de ele ser degustado e termina após essa etapa.
Para a Folha de S. Paulo, a chef diz que:
“A gastronomia às vezes olha só uma etapa do processo, mas
temos que pensar em todo o ciclo, de onde vem e para onde vai o alimento”.
No restaurante liderado por Gabriela, são produtores locais que abastecem a
despensa e as sobras dos pratos e da pia têm como destino composteiras de empresas de reciclagem.
A matéria da Folha conta que, quando a chef abriu o
Quintana, em 2008, 20 sacos de lixo de 100 quilos iam para a coleta. Agora, o
restaurante elimina apenas um saco.
Tudo começou há cerca de oito anos. O restaurante começou a
fazer a separação do material reciclável e a combater o desperdício.
Depois, começaram as campanhas com os clientes e os funcionários, bem como a
revisão do tamanho das porções.
No quintal da casa onde funciona o restaurante, há três tipos de Pancs (ora-pro-nóbis,
taioba, azedinha) e vários de verduras e frutas.
As abelhas ajudaram no jardim, já que, segundo a
proprietária, elas fizeram uma “revolução
verde” por lá. Ao todo, hoje há dez enxames no jardim.
Lanchonete
em São Paulo é exemplo da chamada produção lixo zero
(Foto: Primata Wings & Burger/Reprodução)
Em São Paulo, no Primata Burguer, nada é jogado fora: nem guardanapo usado ou resto de comida.
Isso vira gás, passa por uma tubulação, chega na cozinha e frita o hambúrguer
vendido. Lixo vira dinheiro.
Todos os dias, a lanchonete de Leandro Toledano recolhe as
sobras das mesas e abastece dois biodigestores, onde as bactérias transformam o lixo em gás metano.
A dica é aplicar os quatro “érres” da sustentabilidade:
repensar o processo de geração de lixo, reduzir ao máximo, reutilizar e
reciclar o que for possível. O consultor Francisco Luiz Biazini Filho explica
que as grandes empresas já procuram fornecedores que não gerem resíduos.
Na lanchonete, o lixo que não vira gás é reciclado. As
latas e tampas de refrigerante, por exemplo, são doadas para cooperativas de reciclagem. "Toda empresa tem
que ter um propósito. Acho que esse é o grande caminho para que a gente possa
mudar alguma coisa. ”
Conceito
Lixo Zero
O conceito Lixo Zero consiste no máximo aproveitamento e correto encaminhamento dos resíduos recicláveis
e orgânicos e a redução – ou mesmo o fim – do encaminhamento destes
materiais para os aterros sanitários e\ou para a incineração.
Segundo o conceito estabelecido pela ZWIA – Zero Waste
International Alliance –Lixo Zero é:
“uma meta ética, econômica, eficiente e visionária para
guiar as pessoas a mudar seus modos de vidas e práticas de forma a incentivar
os ciclos naturais sustentáveis,
onde todos os materiais são projetados para permitir sua recuperação e uso
pós-consumo.”
Uma gestão Lixo Zero é aquela que não permite que ocorra a geração do lixo, que é a mistura de
resíduos recicláveis, orgânicos e rejeitos.
Podemos também dizer que Lixo Zero é um conceito de vida (urbano e rural), no
qual o indivíduo e consequentemente todas as organizações das quais ele faz
parte, passam a refletir e se tornam conscientes dos caminhos e finalidades de
seus resíduos antes de descartá-los.
Os R’s
do Conceito Lixo Zero
·
REPENSAR:
Acabar com a ideia que resíduos são sujos. Não descartar no lixo comum ou
misturar materiais que poderiam ser reciclados.
·
REUTILIZAR:
Diversos objetos e materiais podem ser utilizados de outra maneira antes de
serem encaminhados para a reciclagem. Ex.: usar uma folha de papel dos dois
lados.
·
REDUZIR:
Gerar o mínimo possível de lixo. Ao invés de lixeiras, residuários e
contentores para acomodar os materiais.
·
RECICLAR:
Aproveitar a matéria prima do resíduo para fabricar o mesmo ou outro tipo de
produto, sem encaminhá-lo para aterros.
De quem
são as responsabilidades?
·
Indústrias: na
produção e design dos produtos.
·
Comércio:
comercializa os produtos das indústrias.
·
Consumidor: na
extremidade final do sistema: o consumo, o uso e o descarte.
·
Governo: para
harmonizar a responsabilidade de ambos: comunidade e indústria
Processo
de Certificação
·
Aplicação: A
aplicação é a parte inicial do processo, onde o empreendedor ou o consultor irá
preencher dados relativos ao local, bem como relativos à gestão e geração dos
resíduos.
·
Relatório: O
relatório apresenta dados diversos do processo de gestão de resíduos do evento
ou local. Este possui maior complexidade e é mais extenso que a aplicação, e
fornece todas as informações necessárias para a etapa de auditoria.
·
Auditoria: O
processo de auditoria é interno ao Instituto Lixo Zero Brasil juntamente com o
auditor, não sendo este disponibilizado para o consultor ou empreendedor do
local ou evento.
·
Certificação: Após
o processo de certificação, o auditor enviará um relatório de auditoria para o
Instituto Lixo Zero Brasil, o qual conceberá o certificado ou selo de acordo
com as informações do auditor.
A Certificação Lixo Zero é um produto do Instituto Lixo
Zero Brasil validado pela Zero Waste International Alliance (Aliança
Internacional Lixo Zero). Esta certificação tem diversos pré-requisitos
estabelecidos de forma internacional e que podem ser aplicados a qualquer estabelecimento ou evento.
A certificação tem como principal objetivo atestar a correta gestão de resíduos
sólidos aplicada de acordo com metodologia Lixo Zero. Através de um sistema
de análise exclusivo do Instituto Lixo Zero Brasil, qualquer empresa ou evento
pode se certificar e garantir que houve excelência e cuidado com o meio
ambiente.
A certificação demonstra aos clientes, concorrentes,
fornecedores, colaboradores e investidores que a empresa usa as melhores práticas reconhecidas pelo segmento. Além
dos benefícios inerentes ao meio ambiente e à sociedade, a implementação de um
Plano de Ação Lixo Zero adequado traz também benefícios econômicos
significativos para o negócio.
Além da certificação, o Instituto Lixo Zero conta com os
Selos Rumo ao Lixo Zero, em níveis:
semente, broto e planta, que vão auxiliar e certificar o bom trabalho de
diversos estabelecimentos que já possuem um bom encaminhamento correto dos
resíduos, além de possuir boas práticas para lixo zero. Os selos possuem pelas
mesmas etapas da certificação, contando com auditoria e renovação anual.
Também para empresas que estão iniciando ainda sua jornada
para o Lixo Zero, o Instituto Lixo Zero Brasil oferece o Compromisso com o Instituto Lixo Zero, que dispõe metas e
diretrizes para transformar a maneira como os resíduos são vistos e trabalhados
no local.
Fontes:
- Desacato
- Green
Me
- G1
– Pequenas Empresas & Grandes Negócios