O que são as Greentechs?



O que são as Greentechs?

Geralmente chamadas de “startups verdes”, as greentechs são empresas de tecnologia focadas em desenvolver soluções para questões ambientais e sociais. Embora a preocupação com impactos industriais ao meio ambiente não seja recente, foi somente a partir dos anos de 1990 que se desenvolveu uma consciência sobre a importância de um tipo de gestão empresarial sustentável.


Apesar de relativamente jovem, o mercado da tecnologia verde tem despertado o interesse dos investidores. O motivo? A crescente percepção dos efeitos das mudanças climáticas e da exaustão dos recursos naturais.


Nesse sentido, o desenvolvimento sustentável surge como uma tendência importante para o século XXI. Didática, ela se apoia na noção de criação de valor compartilhado, ou seja, gerar valor para a empresa e também para a sociedade.



Afinal, o que é Greentech?


Greentech é termo que traduzido para PT-BR seria "tecnologia verde". Assim,  é um conceito que abrange qualquer empresa que desenvolva soluções tecnológicas para resolver ou mitigar problemas ambientais - que não são poucos. No entanto, dentro do ecossistema das startups, as "verdes" são sempre conhecidas pelo seu papel no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis inéditas.


Mas não se trata apenas de firmas pequenas; existem várias gigantes envolvidas. É o caso da alemã Siemens, quando desenvolve tecnologias de eficiência energética; a suíça Nestlé e suas novas embalagens sustentáveis; e até mesmo a famosa Coca-Cola com seus projetos de reciclagem e redução de resíduos.



Quais são os pilares dessas startups?


O conceito de tecnologia verde está relacionado ao de tecnologia limpa, leia-se soluções de otimização operacional conjugadas com redução de custos, energia e outros insumos que impactam negativamente a biosfera.


Os pilares centrais de empresas do setor são preservar a natureza, recuperar danos ambientais passados e sustentar a biodiversidade e os recursos naturais do planeta.


E o que uma empresa precisa para ser classificada como greentech? Ela deve afirmar o uso da tecnologia verde como meta de negócio. Esse propósito é especificado, no geral, na declaração de critérios ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês). Aliás,  esses pontos podem até ser anexados à missão da empresa.


O Global Impact Investing Network, empresa global de investimento de impacto, aponta que o valor do mercado de investimentos de impacto saltou de US$ 420,91 bilhões em 2022 para US$495,82 bilhões em 2023. A expectativa da empresa é de que o total suba para US$ 995,95 bilhões até 2027.


Atraem o interesse/bolso dos investidores os setores de educação, saúde, habitação, agricultura, meio ambiente, acesso a energia limpa, combate às mudanças climáticas, dentre outros.



Algumas das áreas citadas englobam as greentechs, que vêm, aos poucos, mostrando ser um tipo de investimento sustentável e uma estratégia financeira sólida de longo prazo.



Potenciais áreas de atuação de uma Greentech


Além de limpos, os portfólios dessas startups são variados, com oportunidades de investimentos para a redução das emissões de gases de efeito estufa e da dependência de combustíveis fósseis, bem como geração de empregos verdes, dentre outras. Veja abaixo as mais significativas.


Reciclagem

A ideia da reciclagem é reutilizar materiais ou descobrir substitutos sustentáveis, com o objetivo de conservar recursos escassos na natureza. Embora os resíduos de plástico, vidro, papel e metal sejam os mais lembrados, há firmas trabalhando com tecnologias mais avançadas para extrair matérias-primas valiosas do lixo eletrônico ou de componentes automotivos.


Redução de CO2

O princípio envolvido na captura de carbono é usar um conjunto de tecnologias inovadoras para remover e sequestrar gases de efeito estufa, seja no estágio de combustão ou diretamente na atmosfera. Essa estratégia é a preferida da indústria dos combustíveis fósseis, mas ainda não atingiu os resultados esperados.


Energia sustentável

Substituta dos combustíveis fósseis como novo "motor" das alterações climáticas, a energia sustentável tem batido recordes de capacidade energética adicionada. O Brasil, por exemplo, atingiu em 2022 a marca histórica de 22,3 gigawatts de potência oriunda de energia solar fotovoltaica, salto de 59,4% em comparação a 2021. Os dados são da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).



Design de produtos

Greentechs usam o design de produtos tanto para atender às necessidades dos consumidores quanto para educá-los sobre a importância da sustentabilidade. Por isso, utilizam materiais renováveis, biodegradáveis ou reciclados. Também aplicam princípios de Economia Circular, para prolongar a vida útil dos produtos e facilitar sua reparação, reutilização e reciclagem.



Quais são os profissionais indicados para trabalhar com a tecnologia verde?


Como faz parte da missão das greentechs criar um futuro mais sustentável, a escolha natural de um colaborador para trabalhar com tecnologia verde é um profissional de ESG, afinal, por definição, esse consultor trabalha na identificação e avaliação dos impactos sociais e ambientais das atividades empresariais.


Um especialista em ESG é inclusive treinado para desenvolver estratégias para mitigar impactos e promover a ética e a transparência dentro das organizações, item da missão de qualquer greentech atual.



Como está o cenário dessas startups no Brasil? 


Apesar de a riqueza e a diversidade de recursos naturais colocarem o Brasil como um “habitat” para greentechs, elas ainda sofrem no país com algumas dificuldades estruturais, como falta de incentivos fiscais e regulatórios, preconceito dos consumidores, dificuldade de acesso a financiamentos e investidores, além da concorrência de empresas estrangeiras.


No entanto, a participação do Brasil na convenção do clima COP26, evento em que assumiu reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 50% até 2030, abriu altas oportunidades e potenciais para as tecnologias verdes.


Segundo um mapeamento da plataforma Climate Ventures, existem atualmente no país mais de 200 greentechs, com atuação nas áreas de gestão de resíduos, agropecuária, indústria e florestas.


Veja algumas greentechs brasileiras:


  • GreenPlat: Usa blockchain para rastrear o caminho correto do tratamento do lixo, registrando o tratamento de um milhão de toneladas de resíduos em suas soluções.


  • Eco Panplas: Criou uma tecnologia inédita para remover resíduos de embalagens plásticas de óleo lubrificante sem usar água, atingindo uma economia hídrica de 17 bilhões de litros em cada 500 toneladas de plástico recicladas.  A startup venceu a categoria “Água” na 23ª edição do Energy Globe World Award 2022, prêmio ambiental mais importante do mundo.


  • Nexoos: Essa plataforma integrada de governança em sustentabilidade automatiza as demandas ESG, e centraliza a gestão, integrando-a com outros sistemas.


  • Food To Save: Embora se apresente como uma foodtech, a startup reúne um marketplace para que mercados vendam produtos de consumo rápido (e perto do vencimento), por um preço mais amigo. Assim, a ideia é reduzir o desperdício de mercadorias, uma pauta comum das greentechs.


  • Cerensa: Plataforma Integrada de Governança em Sustentabilidade. Automatiza as demandas ESG, centralizando a gestão e integrando com outros sistemas. Acessível para empresas de qualquer porte e segmento. 


  • CUBi Energia: Torna a energia elétrica visível ao gestor da indústria ao oferecer uma solução completa de gestão e otimização do consumo de energia.


  • Trashin: Simplifica o processo de gestão de resíduos e logística reversa, da coleta à destinação adequada, realizando a logística, valorizando o resíduo e gerando renda por meio da economia circular.


  • Eureciclo: Reduz o impacto ambiental das embalagens pós-consumo e fornece o selo Eureciclo para empresas, certificando ações ESG de reciclagem por meio da logística reversa de resíduos sólidos e oferecendo segurança jurídica.


  • iCrop: Soluções que auxiliam os agricultores na gestão da irrigação para tomadas de decisão mais assertivas e baseadas em dados. A startup tem conseguido gerar uma economia de 30%, em média, no consumo de água e energia dos seus clientes que adotam uma plataforma de gestão da irrigação.


  • UPM2: Desenvolve soluções para mobilidade urbana e alternativas financeiras para o público ainda desbancarizado no Brasil. A empresa criou o Super App SP Pass, que concentra diversas funcionalidades, desde a possibilidade de pagar a tarifa de transporte público por meio do QR Code até abrir uma conta digital. 


  • UpLexis: Empresa especializada em mineração de dados, oferece todo o respaldo às empresas que buscam mapear terceiros que estão alinhados com a agenda ESG. Por meio de relatórios analíticos e personalizados é possível verificar, antes de contratar um serviço, se o fornecedor tem envolvimento em processos ambientais ou multas por trabalho irregular.


  • Tuim: Empresa de móveis por assinatura do Brasil, revolucionou o mercado mobiliário no país. Conhecida como a “Netflix dos móveis”, a startup nasceu como uma solução simples e inteligente de consumir móveis, com total autonomia para o consumidor escolher exatamente o que quer e pelo período que precisa, o que contribui diretamente para a economia circular.


  • Caren: Com um sistema de protocolos inteligentes, permite que os profissionais de saúde acompanhem toda a jornada do paciente. Desde o pré-atendimento aos protocolos de pós-atendimento para o monitoramento do quadro clínico e que geram alertas em caso de piora dos pacientes, trabalha para permitir a melhora nos atendimentos e na relação médico com paciente.


  • ManejeBem: Trabalha junto a grandes empresas que desejam desenvolver comunidades agrícolas rurais. Pelo aplicativo ManejeChat fornece assistência técnica rural de qualidade diariamente (online e presencial), sistematicamente coletando e monitorando a melhora de dados quanto a parâmetros sociais, ambientais e agronômicos (são mais de 300 parâmetros sujeitos a serem acompanhados), traçando planejamentos estratégicos de melhoria junto às comunidades.


  • Usucampeão: Usa tecnologia para agilizar o processo da entrega das escrituras dos imóveis, por meio da Regularização Fundiária Urbana (Reurb), oferecendo uma plataforma integrada até a entrega de certidões de regularização fundiária (CRF) em tempo recorde. 


  • Stella Energia: Oferece assinatura on-line de energia renovável, mais barata que o custo atual da distribuidora de energia, sem investimento pelo cliente e sem cláusula de fidelidade. 


  • Portal de Compras Públicas: Divulga e opera as licitações de mais de 2000 municípios brasileiros, centralizando o alerta de oportunidades de negócio e simplificando o acesso das empresas a disputas que anteriormente não seriam sequer percebidas como oportunidades.


  • Arquitetura Faz Bem: Realiza obras padronizadas, pensadas em escala industrial, para gerar agilidade e escala, incluindo projeto de arquitetura personalizado, todo o material de construção, equipe de obra qualificada e treinada. 




Esse é um ecossistema novo em terras brasileiras, que caminha para uma fase de amadurecimento e expansão, em especial diante dos desafios ambientais e sociais no mundo. Por conseguinte, a tendência é de que esse mercado traga oportunidades sólidas de trabalho e investimentos de peso para as nossas empresas verdes.



Fontes:

- Tecmundo.

- Sebrae.



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