(Foto: Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus/Reprodução)
O Barco-Hospital
Papa Francisco, da Associação e Fraternidade Lar São Francisco na
Providência de Deus, iniciou no último dia 11, sua navegação pelo mar. Ele saiu
de Fortaleza, no Ceará, rumo a Belém, no Pará. No local, são feitos
abastecimento, manutenção do navio e troca de tripulação.
Trata-se de uma iniciativa que visa oferecer atendimento médico e prevenção do câncer para
cerca de 700 mil pessoas nas mil comunidades ribeirinhas ao longo do Rio
Amazonas, no estado do Pará e em cerca de 12 municípios.
Toda a construção do barco foi feita pela Indústria Naval do Ceará (Inace). O
trabalho do estaleiro Inace começou em janeiro de 2018. De acordo com a
diretora da empresa, Flávia Barros, foi um
grande desafio. "Acredito que esse fim fez com que o desafio ficasse
mais gostoso, justamente sabendo que era para um trabalho nobre e
desafiador", disse.
A ideia surgiu com a visita do Papa Francisco em um hospital no Rio de Janeiro, durante a Jornada
Mundial da Juventude 2013. O Papa perguntou ao Frei Francisco, fundador da
instituição, como estava a situação dos hospitais na Amazônia. E, diante do
pedido, "percebemos que para a
população que vivia nas margens do rio e tinha dificuldade em chegar aos
hospitais, o único meio era o hospital ir até elas", disse.
(Foto: Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus/Reprodução)
O Navio Hospital vai contar com 10 tripulantes fixos e 20 voluntários, que sairão nas expedições que durarão 10 dias, quando retornam para a base que ficará na cidade de Óbidos, no Pará. A expectativa é de que a embarcação atenda mais de mil comunidades ribeirinhas.
Dentro da embarcação, a comunidade ribeirinha encontrará
consultórios médicos e odontológicos,
centro cirúrgico, sala oftalmológica completa, laboratório de análises, sala de
medicação, sala de vacinação e leitos de enfermaria, além de equipamentos para
exames, como raio-X, ultrassom, eco, mamógrafo, esteira ergométrica e eletro.
A assistência também trabalha na prevenção
e diagnóstico precoce do câncer, com a realização de exames e triagem. Entre
os serviços, também serão ofertados exames de PCCU.
No dia 19, o barco parte para Santarém, no Pará, onde a
Marinha fará a prova do rio, testes finais, manutenção final e treinamento da
tripulação, além de entregar a documentação e o licenciamento - semelhante ao
que é exigido para os carros. A expectativa é que a embarcação chegue a Óbidos, onde fica a base, entre 5
e 7 de julho, quando as chaves serão entregues à associação. A inauguração
oficial ainda não tem data definida, mas será entre agosto e setembro.
(Foto: Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus/Reprodução)
Ele percorrerá cerca de mil quilômetros na Região Amazônica, atendendo a cerca de 800
mil pessoas que vivem em pequenas comunidades e cidades ribeirinhas.
O
hospital ambulante tem 32 metros de
comprimento e conta com geradores, centros cirúrgicos capacitados para
fazer procedimentos de até média complexidade, aparelhos de exames de imagem e
consultório odontológico, além de consultórios e espaços para outros
procedimentos.
O navio terá "ambulanchas",
que farão o transporte mais ágil em caso de emergências e servirão para avisar
as comunidades que o barco está se aproximando.
(Foto: Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus/Reprodução)
"Ele [navio] chegando em Óbidos, nós já temos todos os
equipamentos, a primeira compra de medicamento, roupas, alimento, combustível,
e começam os atendimentos", afirma frei Francisco Belotti, superintendente
da Associação. Algumas instituições já manifestaram interesse em colaborar com o projeto, segundo o frei, como Famerp,
Faceres, Hospital João Paulo II, Universidade São Francisco (Bragança Paulista)
e Unoeste (Presidente Prudente).
Uma religiosa fará o mapeamento dos moradores das
comunidades, identificando as principais necessidades de mutirões. A base do
navio em Óbidos servirá para quando ele não estiver em serviço - para esterilização, troca de suprimentos e
substituição da tripulação.
Belotti considera que a sensação de ver o navio partir para
cumprir sua missão é uma mistura de esperança, socorro, salvação e amor. "Estamos socorrendo um Brasil que é
esquecido, muito distante de nós. Estamos em um polo de Medicina, mas
quando você atravessa o Estado já começa a sentir os efeitos da distância desse
polo médico", afirma.
Segundo ele, a maioria dos ribeirinhos nunca viu um médico. A Santa Casa de Óbidos, por exemplo, não tem raio-x, porque o sistema de
energia elétrica não suportaria o aparelho. "A própria Secretaria de Saúde
do Pará alega que 80% das instituições
não têm o que o navio tem. As pessoas acabam morrendo por falta e assistência e
também na transferência de um lugar para o outro", diz o frei, citando
as dificuldades provocadas, por exemplo, pelas cheias, quando a água invade as
cidades. "Os mais vulneráveis são as crianças
e os idosos. As pessoas vivem do peixe, da farinha de mandioca, da extração
e ao mesmo tempo são as guardiãs da floresta. Nós estamos aqui para aliviar uma
gotinha."
(Foto: Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus/Reprodução)
Gerenciado pela Empresa Gerencial de Projetos Navais
(EMGEPRON), o primeiro teste na água foi
feito no dia 14 de março, na cidade de Jaci-SP.
Em novembro de 2018, o Papa enviou um vídeo para as
comunidades ribeirinhas do Baixo Amazonas e emocionado falou sobre a
embarcação. “Uma saudação cordial, de coração a todos os habitantes ribeirinhos
do Amazonas. Sinto um carinho muito grande, vocês cuidam da terra, amam a
natureza e a Deus. Sigam adiante. Uma
saudação a todos aqueles que trabalham no Barco Hospital. Rezo por vocês,
rezem por mim. O Senhor os abençoe”.
Segundo Frei Joel Sousa, da prelazia de Óbidos, foram 20 meses de espera desde o início da construção do barco hospital no estaleiro da Indústria Naval do Ceará (Inace), em Fortaleza, até a sua partida. “Lembrando que não é só uma embarcação, é uma embarcação hospitalar. Então, tem várias coisas que foram feitas ao longo dessa caminhada.
Tem ainda um trabalho longo para terminar de equipar o barco, e
assim ele possa fazer a sua missão”, disse.
(Foto: José Leomar/Sistema Verdes Mares/G1 Ceará/Reprodução)
Ainda segundo Frei Joel, existe uma grande expectativa da
comunidade obidense pelo início das atividades do barco hospital. A partida de
Fortaleza para Óbidos foi motivo de
festa. Muita gente acompanhou a transmissão ao vivo pela página da
Associação Lar São Francisco, no Facebook.
“Nós somos uma família e sabemos que o barco hospital vai
colaborar com a saúde da população com suporte da Santa Casa. Rezem por nós,
para que façam uma boa viagem. Tem três marinheiros aqui de Óbidos que já estão
na embarcação. E logo logo, ela estará aqui para atender o nosso povo. É um sonho que está se tornando realidade”,
finalizou Frei Joel.
Fontes:
- G1
Ceará